segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Poesia (14.9)


Plástico e Vidro

O fardo da consciência
Que busca sempre
O abono
No conforto.

Plásticos ambos.
Que só parecem resistentes
Quando medidos
À luz da lua.

E ainda assim
Estou eu lá
Pairando como sombra.
Como brisa de um vento
Que queria soprar forte
Mas não há árvores
Para dar-lhe voz.

Sorrisos rasgam-se
Em sangue.
Rubro sangue do meu silêncio
Que guardo como cantiga de ninar
Toda noite que lembro
Que partiu da minha permissão
Toda a corja
De indelicadezas
Que hoje aturo
Com tom de brincadeira
Ao som do ódio
Que nunca tarda por vir.

A falsidade melancólica
Das minhas declarações de amor
Que não passam
De um pedaço de papel
Que boia sem rumo
Tentando enxugar
A água do mar.

O fardo da consciência
Que busca sempre
O abono
No conforto.

Medo meu
Desse eterno conforto
E da recém descoberta
De que todos os tetos de vidro
Me convêm.

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