segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poesia (14.3)


Saudade Regada

Três horas falando com você
Enquanto a chuva bradava
Aos meus ouvidos
Os sussurros de uma morte
Futura.

Sábias eram as gotas
Que caiam do céu
Do meu quarto,
Seguiam os pêlos da minha barba
E desaguávam nas minhas coxas
Trêmulas de frio.

Três horas da sua voz
Depois de muito tempo
Sem sequer ouvir
Ou saber de qualquer
Sussurro.

Sua vida anda seguindo
Inerte
A tudo que faça parte de mim.
Suas escolhas andam sendo feitas
Tomando como base uma certa negação
De algo que ainda vive forte
Dentro de você.

Três horas foram suficientes
Para que fossem ditas
Palavras de carinho,
Rancor e libido.
Esse último encerrando a conversa
E mantendo um gancho
Para um futuro próximo.

Tememos o futuro próximo.
Mas durante essas três horas
Nenhum arrependimento
Viera nos interromper.

Saudade fora agora
A palavra de ordem.
Se for regada assim
Talvez dê bons frutos.

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