segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poesia (14.4)


A Morte do Ladrão de Sonhos

Quando se fazem calmos os ventos
Trovões repentinos
Rasgam o céu
Iluminando cicatrizes
Recém criadas,
E anunciam a chegada
Dele.

Passos bambos são ouvidos ao longe.
Passos familiares
Do homem ébrio
Que tende a roubar meu sono
E minha paz.

Homem pequeno,
Sem quase nenhum atributo
Que o faça merecedor
De atenção.
Mesquinho nato,
O rapaz sempre fez questão
De demonstrar suas atitudes
Egoístas para o mundo.
Ao alcançe da mão
As fotos das suas noitadas
Estavam dispostas
Numa organização exemplar
Que o só o rapaz
Pudera fazer com tanto apreço.

Amigos novos,
Festas longas,
Boas conversas,
Bons assuntos.
Uma pessoa de seu agrado físico
A tiracolo
Para demonstrar que ele tinha de fato
Algo que ele poderia chamar de seu.

O vazio desse homem
Se preenchia
As minhas custas.
Eram da minha boca
Que saíam as mais tenras
Palavras de amor
Que só elas
Podiam fazer-lhe
Feliz.
Ou no mínimo,
Mais importante aos olhos de alguém.

Será que sabem da verdade
Todos esses amigos?
Será que a sua posse tão redonda
Sabe por onde andam os sentimentos
Desse moço tão pequeno e inocente?
Será que ousam perguntar
Onde estava ele
Quando completaram um mês
De mentiras bem contadas?

Não hei de ser eu
O alimento para homem
Tão acovardado.
Não hei de ser eu
A figura que há de fazer
Esse homem triste
Ou sequer feliz.
Não hei de dar minha vida
As custas de um amor
Trocado e pequeno.

Ao som e luz dos trovões repentinos
Ateio fúria às ruas pelas quais
O homem anda.
Hipnotizo-me ao ver as labaredas
Que cobrem o meu corpo
Fazendo da minha pele
Combustível necessário
A morte.

Posso queimar tudo que tenho
Mas daqui
Ele não sairá vivo.

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