segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Poesia (1.3)

Amelie


Como sofres, menina,
Como tendes a chorar...
Quero eu poder enxugar-te
As lágrimas, mas as lágrimas
Correm por dentro...
Tua tristeza nunca vem à palma,
Antes brotasse no rosto...
Tua tristeza é a pior delas;
É a da alma.

E também não me atrevo
A adentrar esse mundo teu,
Esse mundo que é teu e de todas
Evas;
São todas Evas vindas
Do mesmo Adão, e carregam
Consigo essa sina
Essa maldição.

Carregas mais ainda do que a sina
Das Evas,
Carregas a sina de um nome;
Sofrimento, agonia...
Ah! Amelie, como queria eu
Poder afagar-te os cabelos.

Se és Eva, cumpras teu papel
Nessa Terra que fizeste maldita
E vá ser feliz
Em outro lugar.

Pois todos nós sabemos
Que aquele fruto que levaste à boca
Era apenas Deus se divertindo.
Ah! Minha pequena... Não carregues
Em ti a culpa do mundo!
Se Deus a condenou a isso
Dês a volta por cima!
E mostre que ser Eva, é, antes de tudo,
Ser humana!
Ser gente!

Mas, apesar de tudo,
Tens em ti o dom da vida;
Então, dá vida!
E os Adões jamais saberão
O que é o amor de Eva;
E os Adões jamais saberão o que é
A dor de uma Eva,
Já que, afinal,
Dor é um substantivo feminino.

E o que não falta em ti,
É a dor!
Esse sangue que perdes
Todo mês
São lágrimas de Deus
Arrependido do que fez
E como Ele não sabe se desculpar
Por ter-te feito sofrer assim
Castigou-te mais uma vez por fim.
Castigou-te por ser Ele
Um Deus imperfeito,
Castigou-te por ele ser
Cheio de defeitos.

Mas não sofras Amelie,
Se fostes incumbida da felicidade alheia,
Então procures largar esse ofício!
Não há nada que doa mais
Do que ser palhaço de um circo
Que não existe.

Então, minha bela menina,
Sê aquilo que és para os outros
Para ti mesma.
Faze tua felicidade antes
Que façam-na de um jeito torto.
Sê dona do teu mundo!
Pois esse mundo já tem um Dono.

E perdoe aqueles que vos tem ofendido,
Mesmo que não tenhas ofendido
A ninguém.
Dá um pouco desse teu amor ao mundo;
E não chores, não chores...
Pois se dor é um substantivo feminino
Também Amor deveria o ser.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Discurso de Flávia na Formatura

Este ano de 2009 foi particularmente difícil para nós, do ensino médio: ventos sopraram em várias direções. Mas, do mesmo jeito que não há ventos favoráveis para quem não sabe aonde vai, para quem sabe, não há ventos desfavoráveis. E, apesar de tudo, estamos aqui todos confraternizando, ao lado desses meninos que cumpriram mais uma estação da vida.

Sou professora de literatura e fico pensando sobre o porquê de ter sido escolhida, entre tantos grandes professores que eles tiveram oportunidade de ter ao longo deste ano. Nossa sociedade tecnificada e que tanto releva a ciência não explica a escolha; nem a simplificção geral, que está na tendência da autoajuda e das receitas que desconsideram nossas complexidades.

Acho que estou aqui exatamente pelo efeito contrário; pela falta que faz ouvir conteúdos neste tempo de muitas palavras constantes, mas vazias. Ou, por ter, em algum momento, através da literatura, alcançado o coração desses meninos, ajudando-os a compreenderem os percursos de suas vidas.

Erico Verissimo, em seu livro “Solo de clarineta”, diz exatamente isto: que, aos catorze anos, teve de segurar uma lâmpada elétrica para que um médico operasse um paciente. Quando ele cresceu e começou a escrever, o que o animou foi a idéia de que continuava a cumprir o papel importante daquele momento – ele evitava a escuridão.

É claro que se pode pensar que nossos fabulosos meios de comunicação circulam, rapidamente, informações úteis, numerosas e pertinentes. Mas o que se vê é de uma superficialidade irresponsável. A uniformização dos padrões de beleza, de desejo, de consumo e de felicidade ameaça a elaboração de nossas subjetividades e nos arrasta a um materialismo inaceitável. Fomos reduzidos a um corpo tabelado, funcional; fomos submetidos a uma competição de desempenhos sexuais e profissionais; somos dirigidos a comprar o que não precisamos e a conceituar isso como felicidade. Tal lógica cria esta nossa sociedade sem partilha, sem escuta, sem escolhas, sem afetos, sem encontros, sem sujeitos... Tal lógica é uma espécie de perda, de tal monta que enchemos os consultórios de médicos e psicólogos, em busca de quem nos ouça ou nos indique saídas. Estamos seguindo um caminho perigoso quando descartamos o que nos humaniza; o resultado está aí: esta cidade, como tantas outras, só tem muros e armas; mesmo as pontes confirmam os desencontros; há meridianos visíveis e invisíveis, cortando-a e nos afastando, e violências sem paralelo.

Não podemos nos conformar com isso, nem com a falta de utopias que nos movam na direção de um mundo melhor. Mas o que aprendi recentemente é que esse mundo melhor é, necessariamente, consequente de um homem melhor.

Minha geração buscou esse mundo melhor na rota da matéria e da uniformização (que chamávamos de “igualdade”) e foi conivente com o que chamo lógica bipolar, que considera errado um jeito de pensar diferente.

A literatura me deu o privilégio de constatar o engano: nenhuma melhora virá pelo materialismo, nem “igualdade” se consegue pela uniformização. Além disso, não temos o direito de esmagar quem pensa diferente de nós.

O desafio é saber lutar por igualdade (quando a ameaça for a injustiça) e por diferença (quando o perigo for a uniformização) e desenvolver a tolerância para vivermos num mundo multipolar.

Sem a literatura, isso não é possível. Ela é uma ferramenta irrenunciável com a qual lidamos com a ambígua condição de singular e plural que cada um de nós constitui. Somos nós mesmos, a par de humanos. E não entenderemos isso se seguirmos esmagando nossas singularidades. Ou se não conseguirmos enxergar o que há de comum entre nós.

Em outras palavras: não viemos por acaso juntos; estamos aqui não para competir, mas para cuidarmos uns dos outros e somos iguais, apesar de nossas diferenças. Por isso precisamos nos indignar se nossas vantajosas diferenças terminarem por gerar pobreza extrema, fome ou guerras. Ou se não conseguirmos repartir as riquezas e os benefícios que nosso progresso certamente produzirá.

Cada um de vocês é, potencialmente, um vetor para um mundo melhor. Tenho muita esperança de que vocês segurem a lâmpada na escuridão, apesar do horror e da náusea, como disse Erico Verissimo, apesar do medo e da dúvida, eu completo.

A escuridão é propícia à injustiça, à tirania, à indiferença, ao materialismo, à uniformização.

Muitas luzes juntas trarão uma energia nova para consertarmos, refazermos, retomarmos, sem nos cansar. Essa teimosia inexplicável, que responde pela sequência milagrosa de gerações aqui presente, depende de quantos de nós seguraremos lâmpadas, ou velas, ou fósforos, não importa.

Essa luz precisa ser nítida o bastante para que enxerguemos a direção; para que possamos trabalhar e recuperar o que se perdeu; para que prossigamos insistindo em executar a mágica complementar que nos destaca e que faz tudo valer a pena.

Conto com cada um de vocês!

Flávia Suassuna

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Poesia (1.2)

Poesia não composta por mim...
Linda demais...
Obrigado.


Letras

Que curso seguir?
Letras, comum com você.
Amante das palavras,
Mudou meu caminho.
Antes de usá-las,
Escolheu com carinho.
E com carinho o escolhi.
E você me escreveu

Letras,
que juntas formam poesia,
Que eu não percebera.
Eu, amante da melodia,
Poema recebera.

Agora, eu te pergunto:
Um poema feito pra mim?
Com receio de errar enviei
a mensagem, com timidez.
E tais ondas agora eu sei
São passagem mais uma vez
Para um lugar lindo.
Poema lido, retribuí

Notas,
Que juntas formam melodia
Que você não recebera.
Você, amante do meu dia
E da noite inteira.

Naquela noite, eu te toquei
A pele macia.
E noutro dia, eu te toquei
Minha melodia.

Mas não cantei,
Não posso cantar.
Tanto te incomoda
Como a mim.
Canto canção muda,
Calo-me

Quando vejo os outros
E não somos dois.
Quando dois estranhos
Conhecem-se aos poucos,
Aos muitos, depois
O que vem?

Surpreendentemente,
Amor.
Aonde vai?
Independente do caminho,
Se você for,
Eu vou.


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Poesia (1.1)

Notas


De compasso em compasso
Fora formada uma melodia.
De melodia em melodia
Fora formada uma música.
E uma música feita para mim?
Não mereço tanto de ti...

Como dois estranhos,
Em busca de nada ou de coisa alguma,
Nos deparamos...
E conversamos,
E trocamos experiências,
E nos beijamos...
Ah! Como é doce esse beijar...
É como ouvir a uma música,
A mais alegre e encantadora
Das melodias.

E parece ter sido feito por magia,
Acaso ou destino, pouco importa,
Só quero estar contigo.

Mas há uma barreira,
Há notas musicais em desalinho
A nossa volta que faz com que
Tua música se torne tímida.

Não deixes que o peso do som
Alheio impeça a tua música
De soar.
A minha se faz mais alta,
Então tomes coragem,
Pegues uma flauta!

E cantemos e toquemos
Para que todos ouçam...

Porque saudade é um sentimento
Que não aturo.
E ficar sem te ver, tocar, e beijar...
Me dói de um jeito novo.

Cante para mim,
Sobreponha tua voz
Ao tom que vem desse mundo
Onde só se ama na diferença.
Cante para mim,
E sejamos felizes em nossa
Pura inocência

Pois amor é um verbo
Que deve ser conjugado por dois
Todos os dias.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Música (0.3)

Essa música foi composta pra mim...
Tinha que ser postada.
Agradeço muito...

Green Grace

For sure, I can’t explain in words the feeling that’s taking me.
Not soon I thought that I’d have a so surprising thing.

It was a fast weekend
For us to understand.
Now we are both afraid
How it was not late.

Will it come into a lovely fate?
I am afraid it’ll not.
Will it come in a lot of grace?
Now I will face this thought.

Future, I hardly take time to think about it.
But you made me wanna run the clock to see if

It is a fast week
For us to understand.
Now we are both afraid
How it is not late.

It will come into a lovely fate.
I am afraid it’s a lie.
It will come in a lot of grace.
Seeing in your face green eyes.


Música (0.2)

Queria muito ter escrito essa letra, que além de linda me lembra uma pessoa especial.
Tenho o defeito de não saber tolerar saudade, por isso a última música foi "Pedaço de mim"...
Então, agora, esta aqui representa melhor meu estado de espírito:


Tiê
Dois
Compositor(es): Tiê E Thiago Pethit

Como dois estranhos,
cada um na sua estrada,
nos deparamos, numa esquina,
num lugar comum.

E aí? Quais são seus planos?
Eu até que tenho vários.
Se me acompanhar,
no caminho eu posso te contar.

E mesmo assim, eu queria te perguntar,
se você tem ai contigo alguma coisa pra me dar,
se tem espaço de sobra no seu coração.
Quer levar minha bagagem ou não?

E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
e você vai me ensinar as suas verdades
e se pensar, a gente já queria tudo isso desde o
inicio.

De dia, vou me mostrar de longe.
De noite, você verá de perto.
O certo e o incerto, a gente vai saber.

E mesmo assim, queria te contar,
que eu talvez tenho aqui comigo, eu tenho alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.

E mesmo assim, queria te contar,
que eu tenho aqui comigo alguma coisa pra te dar.
Tem espaço de sobra no meu coração.
Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Poesia (1.0)

O Mar

Ondas chegam; choram.
Ondas choram; chovem.
Ondas chovem; cachos...

E nessa imensidão azul
Só vejo ondas, e nada mais.
Não me importa o horizonte,
A areia, o céu.
Só a onda me fascina,
Pois é nela que te vejo;
É no chegar dela que te sinto.
Chegam, choram, chovem...
Cachos; cachos de ondas brilhantes,
De perfume atraente, de uma maciez...

Dessas ondas saem ao quebrar
Uma lágrima; que por fim deságua
No meu rosto.
Enquanto observo ondas quebrando,
Choro. Desabo em pranto!
Por sentir que essa onda há de me levar para longe...
Essa onda há de me levar para um lugar
Que não sei se quero voltar...
Mas ainda assim, um lugar bonito,
Colorido e repleto de paz.

Que essa onda possa me levar de volta ao amor...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Música (0.1)

Bom, só pra constar, também devo colocar aqui algumas músicas que me marcaram pela letra, principalmente.
O que me fez colocar essa música foi a saudade que ando sentindo de várias coisas e a melhor música sobre saudade é essa:

Pedaço de Mim
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

sábado, 24 de outubro de 2009

Poesia (0.9)

Epitáfio Proibido

Nunca esperei tornar-me
O que me tornei.
Nunca quis ver no espelho
A imagem que vejo hoje.
Tornei-me sincero.
Sincero demais a ponto de soar
Falso e hipócrita.
Tornei-me guloso.
Guloso o suficiente a ponto
De emagrecer o corpo e a alma.
Tornei-me mulher.
Mulher suficiente para ser
Repreendido por não mais querer
Ser menina.

A vida fez de mim o que quis;
o que bem entendeu...
Fez de mim uma mulher
Sincera e gulosa por fim.

E no meu caixão não virá escrito:
“Foi poeta -sonhou- e amou na vida”.
Quem há de escrever meu epitáfio
Não será nenhum poeta romântico;
Hão de ser pessoas vazias
Que mal saberão as meras regras do português;
Essas pessoas com quem tive
Que lidar; morar; mal-viver...

E são essas mesmas pessoas
Que haverão de velar
Meu caixão.
Por isso me mantenho;
Vivo!

Para não ser obrigado
A ver com olhos
De outro mundo,
Essa gente a sentir minha falta.

Essa gente que hoje não me deixa ser
Essa mulher sincera e gulosa
Que já nasci sendo.

Culpem a Deus esse Defeito.
Não culpem a quem amo.
Culpem, por fim, a vida;
Foi ela que fez de mim o que sou...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cinema (0.1)


Tava demorando. Era praticamente impossível eu ter um blog e não falar sequer um pouco de cinema - tava demorando...
Enfim, vou tentar postar aqui algumas dicas de filmes que estão ou não em cartaz, novos ou velhos.
O que me motivou a escrever isso aqui foi "Bastardos Inglórios". Novo filme de Quentin Tarantino. A obra é genial, ágil, bem escrita, bonita (fotografia, direção de arte, figurino e etc.), ácida (Do you Americans speak any other language besides English?)... Enfim, o filme é perfeito ao melhor jeito Tarantino de ser.

Pra quem quiser uma crítica melhor http://omelete.com.br/cine/100022604/Critica__Bastardos_Inglorios.aspx

sábado, 17 de outubro de 2009

Poesia (0.8)

A um Ente Querido

Não te amo mais.
Não como costumava.
A vida e tempo fizeram-me
Ver o quanto as pessoas podem
Ser boas umas para as outras.
E não consegues ser bom para mim.
Não como devias!

Reciprocidade é uma palavra
Que atualmente me tem
Posto a refletir;
É uma palavra, antes de tudo,
Ingrata, egoísta e orgulhosa.

O tempo encarregou-se
De fazer-me duro, morto;
Amigo.
Esse mesmo tempo encarregou-se
De ser-nos o maior dos vilões.
O tempo e as brigas
E os desencontros
E os tapas na cara
E as risadas entristecidas
E as mentiras; ah... as mentiras
Como sofro com essas!...

Não quero que penses com isso
Que não mais falarei contigo;
Quem vos fala aqui não sou Eu.
É o meu eu lírico
Que vem através desta
Mostrar-te, pelo menos,
Mais uma vez, o quanto
Me dói o que se passa entre nós
Desde que fostes embora;
E fiquei aqui a sofrer por ti
E fiquei aqui a velar
Um caixão vazio.

Pedi uma simples coisa:
Seja pelo menos a metade
Do amigo que sou para ti.

Não o fostes.
E eu estou cansado
Dessa falta de carinho,
Dessa vida sem verdades,
Desse sofrimento...
Dessa máscara torta
Que usas para disfarçar
O péssimo rosto que tens.

E se o exagero dessa poesia
Não fizer com que teus olhos
Abram,
Não imagino mais o que possa
Fazer;
Já te amei tanto...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poesia (0.7)

Alma Companheira

Calado, recluso.
Um menino que viu
Muita coisa, que passou
Por muita coisa.
Achava-o duro, insensível,
Problemático.
Não sabia eu que ele
Atravessava um tempo
Nebuloso e escuro em sua vida...

Vejo-o hoje, de um modo diferente,
Um diferente bom;
Ao menos penso que seja bom.

Em meio a conversas arbitrárias
No centro do templo do consumo,
Descobri ali;
Por uma obra traquina do Acaso;
Um menino especial,
Mais do que especial,
Um menino que vê e vive a vida
Semelhante a mim.
E do lado de dentro dos meus olhos
Onde ninguém vê,
Lá dentro da cabeça onde fica o globo ocular;
Me correram lágrimas de solidariedade.

Ah, como eu queria ter podido
Abraça-lo!
Como eu queria ter podido
Demonstrar o carinho
Que senti naquele momento
Com um beijo que faria
Rubras suas bochechas...

Queria que naquele momento
Aquele menino pudesse ver o quanto
Ele fizera-me feliz...

E agora que sei que compartilho
Mais uma característica íntima
Com ele, sinto-me confortável
Em correr a caneta sobre o papel
E dizer-lhe:
“Conte comigo!”

E mais uma vez
Ele vai conseguir ler-me
Como a um livro infantil:
Pequeno, simples;
Mas com uma profundidade inigualável.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Poesia (0.6)

Nota de Agradecimento

Palavras me faltam, me faltaram
E sempre me faltarão
Para descrever com precisão
O que sinto
Para descrever ao menos com decência
O que não minto.

De um tropeço fez-se um riso;
E uma amizade...
Talvez a melhor e mais perfeita
Das amizades

De um tomate rolando ao chão
Nasceu em mim um amor
Grande para não caber sequer no papel.

A melhor de todas! Afirmo
Tu és!
Não pense que vão é o que sinto
Pois não o é!
É intenso e ardido o sinto
Por ti.

Tomei consciência há pouco
Do quão dolorida seria a tua
Partida.
Quebrei-me em mil
Na bisca de uma consolação
Que pudesse ao menos
Acalmar-me...
E achei em ti as palavras
Que me fizeram erguer-me
“Acalma-te, não vamos por ora,
Deixa pra dar adeus quando estiver
Acabado”

E dos meus olhos correram
E escorreram a culpa e
O desespero de um pensamento
Que surgiu impertinente
“Não és bom o bastante”...

Então eu sofro, sofro e sofro...
Por saber que és aquilo que
Jamais sonhei.
Sofro por saber que és
A melhor de todas
Que jamais amei!
Pois amo-te mais do que a mim mesmo
E queria achar um jeito de entenderes
Que nada do que faço é para o mal.
Amo-te mais do penso que amo
E devo-te mais do que posso pagar
Mas não posso resistir a cada vez mais
Te amar, amar e amar!


A Nicolle.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A.F - D.F

Sinceramente não entendo, juro que não entendo como é que duas pessoas que vagam mundo a fora podem por um acaso (?) se encontrarem e passarem a se amarem de um jeito tão especial.
Assim foi que ocorreu entre eu e Felipe. Através de uma sucessão de eventos meio que absurdos, nos vimos a conversar sobre coisas miúdas. E nos vimos iguais. Almas companheiras afastadas pela Geografia e pela Cronologia (ele é 3 anos mais velho que eu).
E depois dessas conversas, viu-se um sentimento verdadeiro, forte e sincero de amizade - de amor puro e fraternal. Não há, sequer, 3 meses que nos conhecemos; e parece que nossa amizade já veio pronta. Não foi preciso galgar 8 anos de amadurecimento para nos dizermos amigos. Precisávamos, apenas, nos conhecer. E então, nos conhecemos! E à primeira conversa ficou claro - nos tornaríamos grandes amigos.
Uma pessoa boa; linda acima de tudo, carinhosa, delicada, sincera, sutil, claviculuda, paisagista; doce - acima de mim - tão doce. Agradeço não sei a quem por ter conhecido Felipe. (Deus talvez? O Acaso? O Destino?)
Pode ser considerado meu mais novo amigo de infância.
Te amo como a o melhor dos irmãos!



A Felipe Pereira.

sábado, 10 de outubro de 2009

Satisfações e "Deixando claro..."

Bom, estou eu aqui para dar uma espécie de "boas vindas" ao meu blog... Devia ter feito isso assim que comecei a postar, e esse deveria ser o primeiro Post, mas... Enfim, não foi.
Aqui eu vou postar, muito provavelmente, coisas que eu não escreveria e/ou falaria em lugares comuns em que todo mundo me conhecesse e dissesse: "Ah, isso é a cara de Diego".
Bom, tenho dito que não será assim. Não se assuste ao ver que eu não sou só um carinha escrotinho e tirador de onda. Não. Pelos textos que eu porei aqui, será fácil destruir essa imagem...
Então, vim eu, através desta, dar uma satisfação a alguns que quando abriram meu blog não encontraram nenhum texto de humor ou algo do gênero... Será difícil eu postar algum texto assim, mas não impossivel. Só deixo claro, também, que não escrevo para lerem, escrevo para ser lido.

Espero que gostem.
Bjs.

Diego Garcia

Poesia (0.5)

Cobertura e Glacê

Aperta, dói, machuca.
Rasga, parte, dilacera.
E essa dor não se vai
E cá dentro ela arde.

E quer sair; se mostrar
Mundo a fora
Através da face
Através das mãos
Através da voz.

“Cubras o teu rosto!”
“Uses uma luva!”
“Cala-te!”
Gritam-me sempre...

Isso me corrói, lenta
E vagarosamente
Isso me corrói...

Mas o que posso
Eu fazer?
Essa dor não pode
Sair...
Não se permite...
Eles não deixam...

E então?
Sorrio!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Poesia (0.3)

Rato Estúpido!

Alto, magro, alvo.
De sorriso fácil;
De história de vida difícil,
De uma capacidade intelectual diferente
E aprimorada.
Atributos físicos, sim;
Mais do que isso;
Atributos íntimos.
Bonito, sim; isso mesmo,
Bonito...
Belo o suficiente para
Dar o sopro que preciso
Para escrever uma poesia.

Tão doce és,
E parece ter vivido tão amargamente...
Morando sozinho;
Encontrando uma vida nova
Em meio a irrealidade digital.

Mas tão belo...
Não sei como posso
Estar aqui a escrever sobre ti;
Mal o conheço!
Algo aconteceu;
Deve ter acontecido
pois se não, não estaria
Eu aqui, debruçado sobre esta folha,
Deitado no chão, a escrever-te.

Não o amo - tenho dito
Mas tenho-te um carinho
Que facilmente poderia ser amor...
Mas, como já disse,
Mal o conheço.
Talvez se o conhecesse,
Algo mudasse.
Então, gosto de idealizar-te.

Queria que deixasses-me
conhecer-te.
Queria que me permitisse isso.
Queria não tê-lo visto beijar
Aquele outro que não era eu.

E por que escrevo sobre ti?
Justamente sobre ti!
Por minha vida já passaram muitos,
Mas naquele sábado,
Em meio a música alta
E máscaras de carnaval
Quem ficou foi tu.
E não recordo bem do motivo de estar
Eu aqui;
Recordo apenas de ver a caneta a correr
Sobre a folha pautada.

Só tu vais entender quem és;
Pois esta poesia não tem destinatário,
E o remetente não tem coragem de assiná-la.
Então lê-la com carinho;
É para ti! Que ela foi tecida,
Limada; é para ti
Que dedico parte de mim.

Peço por fim que não te assustes,
Sou assim mesmo,
Bobo, errante, partido.
Não espero que venhas me tocar
Os lábios.
Não quero.
Quero apenas deitar a cabeça
Em teu ombro
E dormir uma noite tranquila
Sentindo teu cheiro.

E acordar ao teu lado!
Que sonho seria acordar ao teu lado!
E morrer contigo...

Espero, então, que compreendas
Que a tinta que corre o papel
É rubra; é sangue.
Pedaço de mim que dedico-te.

E se não souberes que és tu
O "tu" da minha poesia
Fica aqui, pelo menos, a imagem de mim;
Vivo,
Intenso,
E cheio de agonia.

07/10/2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Poesia (0.2)

Cera Comunista

E é à luz de velas
Que teço minha
Poesia uniforme e
Vomitada.

Não gosto da penumbra,
Mas como posso fazer?
O capitalismo tem
Dessas coisas.
Saciar nossos desejos
Até o limite se tornaria
Perigoso.
Tenho, então, aqui comigo,
Duas velas postas em um
Pires de porcelana.
E a eletricidade
Não mais me encontra, encanta, encerra
Pois é, o capitalismo
Tem dessas coisas...

E é ao lado de um telefone celular
Perfeitamente capacitado
Que escrevo à luz de velas...

04/10/2009

Poesia (0.1)

(D) A Tragédia e (D) A Comédia

De um grito seco e amargo
Preso na garganta,
Fez-se um sorriso doce e amargurado;
Desse sorriso,
Fez-se uma rotina costumeira.
Dessa rotina,
Uma vida;
Dessa vida,
Fez-se um desejo;
Desse desejo obscuro e tolo,
Fez-se a morte
E uma morte causada por um grito entalado na garganta...

Então se eu soubesse
Se ao menos desconfiasse
Que um mero grito preso na garganta
Me custaria tanto...
Me custaria tudo...
Talvez eu não tivesse sorrido,
Talvez dos meus lábios jamais
Tivesse brotado aquela flor
Sem raízes,
Sem folhas,
Sem frutos;
Talvez, de fato, eu não tivesse sorriso.
E talvez, somente talvez
Não tivesse morrido.

SET/2009