sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Poesia (0.7)

Alma Companheira

Calado, recluso.
Um menino que viu
Muita coisa, que passou
Por muita coisa.
Achava-o duro, insensível,
Problemático.
Não sabia eu que ele
Atravessava um tempo
Nebuloso e escuro em sua vida...

Vejo-o hoje, de um modo diferente,
Um diferente bom;
Ao menos penso que seja bom.

Em meio a conversas arbitrárias
No centro do templo do consumo,
Descobri ali;
Por uma obra traquina do Acaso;
Um menino especial,
Mais do que especial,
Um menino que vê e vive a vida
Semelhante a mim.
E do lado de dentro dos meus olhos
Onde ninguém vê,
Lá dentro da cabeça onde fica o globo ocular;
Me correram lágrimas de solidariedade.

Ah, como eu queria ter podido
Abraça-lo!
Como eu queria ter podido
Demonstrar o carinho
Que senti naquele momento
Com um beijo que faria
Rubras suas bochechas...

Queria que naquele momento
Aquele menino pudesse ver o quanto
Ele fizera-me feliz...

E agora que sei que compartilho
Mais uma característica íntima
Com ele, sinto-me confortável
Em correr a caneta sobre o papel
E dizer-lhe:
“Conte comigo!”

E mais uma vez
Ele vai conseguir ler-me
Como a um livro infantil:
Pequeno, simples;
Mas com uma profundidade inigualável.

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