domingo, 5 de junho de 2011

Poesia (6.0)

Argila

Mesmo sem vontade
Ou o mínimo querer,
Você fez de mim aquilo que quis.
Moldou minha argila virgem
Da maneira que bem entendeu.

Fez e desfez.
Construiu arranha-céus que rasgaram meus céus,
E destruiu minhas pontes com o mundo.

Elogios tecidos no algodão
Fizeram-me acreditar que eu podia lhe valer algo.
E eu que só queria uma chance
Pra provar quem eu realmente era.
As vozes que você ouvia
E ainda ouve
E talvez ouça pra sempre
Foram, são e serão
As mesmas.

Queria poder reaver minha argila virgem
E fazer dela, dessa vez, algo proveitoso,
Algo que me fizesse crescer sem dor.
Porque o que você me ensinou
Fez com que eu crescesse
Em cólera e sofrimento.

Queria poder não mais precisar disso tudo.
E comprar na venda
Uma argila nova;
Mas não me é possível.

Agora é arregaçar as mangas
E tentar fazer do seu estrago
Algo que faça sentido pra minha vida.

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