quarta-feira, 15 de junho de 2011

Poesia (6.7)

Cordas

Se eu pudesse ver escorrer de você
O mesmo sangue que por muito escorreu de mim
Eu mesmo amolaria a faca
E rasgaria seu peito.

Mas você jamais teria tanto sangue para jorrar.
Você jamais suportaria.
Você não conseguiria sustentar.

E eu estou aqui
Preso,
Agarrado às duas pontas das cordas
Que um dia foram banhadas em mel.
Hoje misturadas a esse mel
Cacos de vidro afiados
Cortam, rasgam, trituram
Minhas mãos
Que só queriam
Manter essas pontas juntas.

Mas não foi possível.
Minhas mãos surradas não mais suportaram.
E as suas permaneceram com apenas leves arranhões.

E eu tive que ir.
Tive que curar minhas mãos nas lágrimas e suor
De outro,
Já que você recusou-se a curá-las.

Eu tive que ir...

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