quinta-feira, 23 de junho de 2011

Poesia (7.1)

O Verdadeiro Mar

Nenhuma onda,
Mais nenhuma,
Nenhuma mesmo
Há de me levar para lugar algum.
Não quero mais esse Mar vasto.
Não me renderei a nenhum outro turbilhão de água.

Manter-me-ei longe dessas praias.
Quero meu lugar quieto,
Sólido
E o mais seco possível.

Longe de cachos de ondas
Que possam fazer arder
Minhas feridas ainda pungentes.
Longe do Mar
Que se impõe
Como se fosse Ele a única solução para a vida.
Longe de tudo aquilo que um dia eu chamei de lar.

E se for preciso
Carregar ódio
Para sair daqui,
Eu vou carrega-lo.
Vou bebê-lo como se fosse a última forma líquida do mundo.
Vou enxertá-lo em qualquer espaço vazio que houver em mim.
E vou destruir cada centímetro de Mar
Que ainda há aqui dentro.

E dizimar todo o Mar
Que ainda insiste em me molhar.

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