quarta-feira, 15 de junho de 2011

Poesia (6.8)

Irreversível

Agora que a casca fora quebrada
Não há mais motivo para tentar,
Ou sequer ponderar acerca,
De que estamos mais expostos
Do que nunca estivemos.

Talvez um dia desejemos,
Tão completa e sinceramente,
Que nunca tivéssemos nos conhecido,
Que talvez quem sabe
Torne-se realidade.

Isso já é, em parte, verdade.
Quando lembro o que você fez,
Quando aquelas lembranças afiadas e pontiagudas
Transpassam minha mente,
Eu não reconheço você.
A sua face na minha memória
Não condiz com o que você se tornou.
E aquele sorriso...
Ah...
Aquele sorriso...

Sinto como se cada dente,
Que naquele dia sangrento
Viu a luz lacrimosa da lua,
Cravasse-se em meu peito.
Queria poder não ter esperado tanto.
Queria poder não ter visto tanto,
Não ter visto nada.
E lançar essas imagens às chamas
É um desejo frustrado.

Já que como você sabe,
O que aconteceu foi
Irreversível.

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