segunda-feira, 30 de julho de 2012

Poesia (13.2)


Por Entre Os Dedos

À memória solta
Se juntam as tardes
Que já d’outrora
Não voltarão.

Sem medo da morte
As memórias murchas
Suncumbem ao bravo desejo
Do Não.

Ainda comigo
Ficarão os desejos
Molhados e secos
Do nosso antigo
“Casarão?”

De modo que a bruma
Silenciosa e ausente
Chega vagarosa mas de repente
E leva de mim
O que eu um dia tive
Em mãos.

sábado, 28 de julho de 2012

Poesia (13.1)


Rumo

Os traços do seu rosto
Alinhariam-se tão bem
Aos meus.

Sua voz
Trazendo a mais pura
Quietude.

Teu corpo,
Por fim,
Saindo da piscina,
Molhado de frio,
Batendo o queixo
Sem medo,
Caberia tão bem
Na minha cama quente.

Não posso entrar nessa água
Se nunca coloquei sequer
Meu pé
Para sentir a temperatura.

Foram poucas palavras trocadas,
Foram mínimos olhares,
E nem sei se foram os mesmos,
Mas se tiverem sido
Alagaria um sorriso
Agora mesmo.

Mas tenho que esperar
Para ver o que posso ter
Se continuar seguindo
Esse meu,
Tão meu,
Rumo.

Poesia (13.0)


Imortal

E tudo parece tão pequeno.
As músicas já não tocam
Em mim.
Ouço-as com outros olhos.
É estranho,
De repente,
A paz.

A fé
Nesse futuro tão presente.
A fé
Em mim.
Em mim!

O saber,
A certeza
Do amor
Meu.

A sabedoria enfim
Para discernir
Até onde fomos
E o que ainda falta
Para minha linha de chegada.

Em dias assim
Abraço
A imortalidade
E sou o melhor de mim
Até onde eu for.

Sou imortal
Até quando me couber
Morrer.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Poesia (12.9)


A Lição

As cascas quebradas
Aguardam o retorno
Do ferreiro.
Aguardam sentadas.

Seu rosto agora
Nu
Sangra
O que o meio
Coagulou.

Sua vida murcha
Querendo de volta
O meu passado,
Querendo,
Como você disse,
Minhas companhias
E minhas festas.

Suas cascas
No chão
Sendo pisadas por mim
Virando cacos.

A vida ensinando
Uma lição
Que você nunca
Vai aprender.

Brincar de cabaret
Com o coração dos outros
Só funciona
Em filme.

Que o sangue dos seus olhos
Nunca coagule.
E que as vidas vermelhas
Vindouras
Se mantenham
Negras
Como a que tens agora.

Melhor deixar o lixo no chão
Sua casca não tem mais
Conserto.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Poesia (12.8)

O Moinho Vermelho

A minha memória
Rasgada
Junto ao que restara
De Poesia
Em mim.

As músicas antigas
Tocando no rádio
Quebrado a marteladas
Que eu,
Por impulso,
Quebrei.
Ainda bem...

Talvez nosso aniversário
Sempre assombre
O que lhe restara
De paz.
Já que sempre comemorarás o novo
À sombra.

O amor dito pela manhã
Não é o mesmo amor
Que nego à noite.
Minhas mãos tremem
Com a profunda tristeza
Que eu mesmo busquei.
Tristeza essa que não tardará
A ir.

Que os filmes um dia nossos
Possam ser mais coloridos e rasos.
Que as músicas possam soar
Mais doces aos teus ouvidos surdos.
Que a vida agridoce que levas
Possa se tornar diabética.

E que o Moinho Vermelho,
Que um dia fora dito eterno,
Possa queimar na dor
Que não tarda a sair
Dos meus olhos
Que já não desejo verdes
Que já não desejo
Dois.


domingo, 22 de julho de 2012

Poesia (12.7)


Onde Começo Eu e Termina Você (?)


O desejo;
Súbito.
O posto.
O aperto.
Mãos quentes.
A surpresa.
A conversa.
O beijo.
A paixão.
As mensagens;
Simultâneas.
O filme.
A coruja.
A água.
O aniversário.
A festa.
A mentira;
Gostosa.
O banco.
A escadaria.
A pergunta.
O sim.
O começo.
De tudo.
De mim.

sábado, 21 de julho de 2012

Poesia (12.6)


A Vaga Torcida

E a minha inocência
Levara a crer
Que a paz voltara
Ao lar.
E a minha inconsequência
Fizera-me acreditar
Que a calmaria
Já estava por aqui.

Mas como tolo sou
Diante de tudo
Que ainda está
Por vir.

Quão de bobo
Ainda serei feito
Por amar
Como amo,
Por sentir
O que sinto?

Tentado a cada esquina.
Caindo a cada tentativa.
Esquivando-me de cada queda.
Achando comigo
Que seria fácil;
Que poderiam tranquilas
Estarem as coisas simples.

Quando então penso
De quando em quando
Vejo tudo tão claro...

Qual será o preço
Do pensar?

Torço para que a noite
Não precise escurecer mais.
Torço para que o sol
Não tarde a nascer.
Torço para que meu joelhos
Ainda aguentem mais um pouco.
Torço.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Poesia (12.5)


A Viagem

Na minha bagagem de mão
Levo o principal
O que me faz seguir.

Despachei tantas memórias
Que não consigo deixar para trás.
Levo comigo você
No bolso,
Pequeno, com carinho.

Segure-se.
A viagem tem suas turbulências.
A viagem que estamos fazendo
Parece ser a mais difícil de todas.

Viagem essa que parece
Não ter volta.

Você arrumou suas malas?
Não, tudo bem.
Você só precisa de mim.
Certo?
Certo...

Aproveite a viagem.
É sempre bom deixar a cidade
E conhecer a orla
Desse mundo tão grande.
Novas pessoas.
Novos lugares.
Piadas.
Situações.
Fotos.
Aproveite sua viagem.

Seu castelo de cartas
Escritas a mão
Com minha letra borrada
Do ano que nos conhecemos
Deve estar guardado no seu armário.
Seu castelo de cartas
Que continham minhas poesias
As suas músicas
E as juras de amor...

Levo na minha mala
O que restara de mim,
Não muito,
Talvez o suficiente...
Torcendo para ser o suficiente...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Poesia (12.4)


Nova Canção

Mais uma música
Para lembrar você
Mais uma melodia
Para nos fazer chorar
Nos abraços soltos
Que ficaram para trás.

Mais uma canção
De ninar
Que vai me fazer lembrar
Você.

Tantas palavras de amor
Soltas, perdidas,
Tantas palavras de amor
Ditas baixinho na noite estrelada
Do meu quarto.

E ainda depois do fim
Ainda há quem diga
Que isso é amor.
E há quem sinta
Tanta saudade.
Ainda há quem diga
“Eu te amo”
Por sentir vontade.

Se não for amor
Seria então o que?
As luzes que guiam nossas mãos
À noite guiam até você
Meu querer,
Minha verdade.

Mais uma música
Para lembrar
Que isso ainda não
Teve fim.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Poesia (12.3)

Entre O Mar e Eu


Saudade quieta
No meu peito descansa
Sem medo do amanhã
Balança nesse vem e vai.

Saudade branda
Dos meus olhos cai
Mas logo se levanta
Com medo de ficar para trás.

Saudade tímida
Nas cinco estrelas do meu braço
Fica,
Mas sem você
A Saudade não abre,
Pois só você tem a chave
Desse céu.

Saudade quente
Que as curvas do meu corpo
Não mentem
Que só as dobras pequenas sentem
Na noite infinita.

Saudades dos meus cílios
Que caem caem caem
Mas ninguém os pega
Então vagam os mesmos
Até onde o mar enxerga.

Saudades saudosas
Desse ai ai...
Saudades minhas nesse
Vem e vai do amor.
Saudades
Dessa vida tão sozinha
De Saudades,
Amor...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Poesia (12.2)


Surpresas Surpresas

Chegue em minha porta a noite
Grite meu nome alto
Jogue meu corpo no chão
Beije minha boca no asfalto

Morda minha barriga
Cheire meu pescoço rápido
Queira estar comigo para sempre
Diga que ama estar ao meu lado.

Vou esperar sua surpresa um dia
Vou esperar que você seja meu
Querendo estar aqui comigo
Saiba que eu vou ser todo seu.

Só não maltrate quem te ama tanto
Não peça de mim que eu o ame sem espanto
Porque as noites são inquietas
E bate o frio já que a porta fica sempre aberta.

Surpreenda meu abraço quente
Com o short azul e verde se encontrando
Surpreenda minha vida me amando
Já que no nosso peito o amor é ardente.

Então chegue em minha porta sem avisar
Quando eu menos esperar
Seu amor vai me trazer de volta
Seu amor vai me fazer voar.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Poesia (12.1)


Meu Silêncio

É meu para ser gritado.
Na garganta as palavras trancadas
De modo que eu fique sempre fadado
A não ter que falar mais nada.

Queria meu silêncio dizer
Saudade
Queria meu silêncio dizer
A verdade.

Silêncio nosso
Compartilhado
Silêncio deles
Engasgado.

Queria eu ter o mesmo discernimento
De poder correr em frente sem medo
Do que pode nos trazer esse movimento
De sair daqui sem querer deixar nada muito cedo.

Falar para você do amor que sinto
Amor meu e só meu
Amor que nesse silêncio minto
Amor que não sei se também é teu.

Falar calado eu já fiz muito.
Falar com os os marejados
E poder dizer olhando para você
Que o nosso amor era o meu mais almejado

E assim calado eu corro
Assim calado eu minto
Só você não sabe que eu morro
Por esconder o que sinto.

Machucados andamos
Procurando aqui e ali um momento
Em que felizes possamos
Reviver todo esse sentimento.

Mas já não posso andar
Desse modo não sei nem frear
Talvez eu tenha desaprendido
Desaprendido a me amar.

As juras no silêncio foram muitas
As juras de amor eram mudas.
Mas tão altas as mesmas
Sem querer nos deixaram surdos.

Mudos e surdos seguimos
Nos vendo em segredo nos sonhos
Chorando sem saber que conseguimos
Viver a mais do que somos.

E por mais amor que tenha havido
Não vejo em meus sonhos você sozinho
Um cor morena dele toma conta
E acordo eu chorando baixinho.

Que sejamos felizes caso possamos
Te desejar o mal seria meu maior engano
Respeito a vida que fostes ganhando
Respeito o amor que durou mais de ano.

Então em silêncio volto a deitar
A cabeça no travesseiro começa a pesar
Como era leve a noite de outrora
Quando sua cabeça deitada em mim era o agora.

Não me adianta falar mais nada
Sua vida se segue
E a minha é levada.
Só queria eu poder ser o branco
A brilhar contigo no escuro
Só queria eu poder ser o amor
Que nos levaria a um futuro.

De que adianta dizer isso tudo
Melhor fico eu quieto
Melhor fico eu mudo
Sem saber o que fazer direito
Melhor fico eu calado
Talvez assim sem defeito.
E aceito meu silêncio agora
E velo o amor de outrora
Esperando que pelo menos a morte 
Não me leve embora.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Poesia (12.0)


Vê II

Você me acalma
De um jeito novo.
Às vezes sendo minha cama
Te deixando todo torto.

Suas mãos nas minhas bochechas
Beijando minha boca rápido
Sintos seu coração contra o meu,
Sinto você tão ávido.

E nada mais importa
Porque quando estamos
Somos.
E eu que tinha desacreditado
De tanto e tudo
Achei em você
A mesma espada e escudo.
E você em mim
Nossa saída do escuro.

Em tão pouco tempo
Já consigo ver um futuro
Então nesse momento
Eu te vejo e me curo.

E nada mais importa
Quando você me abraça forte.
Que seja obra do acaso
Ou até pode chamar de sorte
Mas sem você não quero sair
Com você aqui eu estou mais forte.

Poesia (11.9)


A Orla

Seu mar quebra
Em ondas débeis
Seu mar, minha queda,
Minhas palavras instáveis.

Em sua orla tem outro
Na mesma orla vazia.
Em sua orla tem um muro
Não mais tem minha companhia.

Foram muitos por você
Alguns por mim
E ainda penso o que fazer
Para não cair aqui.

Na sua orla tem um morto
Com olhos verdes abertos.
Na sua orla tem um corpo
Que assalta seus sonhos fartos.

Nessa mesma orla
Tem uma orla
Ando não mais
Por ela.

Não me peça agora
Para dar meia
A minha inteira volta
Segui em frente faz tempo
Hoje sou eu quem o solta.

E deixe em paz minha memória
Peço ao menos um pouco de respeito
Por mim, por você
Pelo que um dia sentimos no peito.

E deixe em paz minha memória
Que minha casa você deixou um lixo
Deixa em paz a nossa história
Antes que sua orla saiba disso.

Poesia (11.8)


Os Beijos

Os beijos estão misturados
Em estado de refrigeração
Estão ainda mais cansados
Os beijos em comunhão.

Mas não se perdem por nada
Esses beijos estão guardados
Trancafiados com faca
Esses beijos estatelados.

Deixados foram os beijos de lado
Deixados para trás sem pena
Pobres são aqueles beijos molhados
Que vinham da sua boca pequena.

De longe deságuam no mar
Os beijos de outrora
De longe eu passei a amar
Os beijos que vinham na Aurora.

E hoje falo sem espumar
Do que os beijos um dia trouxeram
Já que foi dos prazeres do amar
Que os melhores beijos vieram.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Poesia (11.7)


À Minha Menina

Essa balsa bamba
Sem medo balança.
Sem nada
Descansa.
Pequena,
Descansa.

Se foi o mar,
Criança,
Se foi o amor.

Então dança!

Deixa escapar
Teu medo,
Deixa limpar
Teus dedos.
Deixa ficar
Tu mesma.

Triste foi embora.
Triste se fez a hora.
Então por que triste
Oras?

Larga disso,
Pequena;
Larga daquilo,
Menina.
Só não se larga
Por aí;
E nunca mais
Se larga de ti.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Poesia (11.6)



A pele.
O novo.
Os cheiros.
De novo.

Meus seios.
Teu braço.
Nossas pernas .
Em laço.

Minhas flores.
Teus galhos.
Nossa floresta.
Nosso atalho.

Meus dedos.
Teu corpo.
Teu toque.
Meu rosto.

Teu sorriso,
Meu moço,
Teus cabelos,
Meu moço.

E sem medo
Eu caio.
De seus braços
Não saio.