quinta-feira, 31 de maio de 2012

Poesia (10.7)


Pronto.

Não me mande mensagem
Achando que eu vou fazer
O mesmo.
Não posso voltar a esse circuito
De sofrimento.
Não abra a boca para dizer
Que me ama
E que está confuso.
Você parece muito certo
Do que está fazendo.
Talvez mais certo do que eu.
Você não está mais comigo
Está com outro.

E seus sorrisos ébrios me disseram muito
Já.
Mais do que eu queria ouvir.
Então não venha
Achando que você pode
Simplesmente estalar os dedos,
Como antes,
E você vai me ter de volta,
Porque não vai.
E se você escolheu isso
Desde muito tempo atrás
Arque com as consequências
Disso tudo.
Se responsabilize pelos seus atos
Pelo menos.

Pois você não está
Pronto.
Nunca estivemos,
Mas enfim,
Você continua assim.

Eu estou pronto
Para sair disso.
Pronto para mim.
Então não finja
Que ainda se importa.
Por favor.

Você já passou da idade
Desse tipo de joguinho
Imaturo.
Esteja também
Você pronto
Para o mundo.
Pois foi o que você escolheu.
O mundo
À mim.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Poesia (10.6)


Pergunta Número 23

Peço perdão
Por toda a raiva que já explodi
Em você.
Pelos gritos sem razão
E pela falta de sensibilidade.
Nunca quis desejar sua morte
E nem o seu mal;
De maneira alguma.
Quero o melhor para você,
Quero também
O melhor para mim.

Por mais duro que seja
Eu desejo sim
A sua felicidade
E prometo
Não interferir na mesma.
Foi tanto carinho e cuidado
Que não consigo parar
De desejar o melhor
Para você.

Quero ver seus filmes
E aplaudí-los.
Quero ver um sorriso sóbrio
Em seu rosto.

Não tenho raiva,
Muito menos ódio.
Quando lembro da dores
Queria poder
Tê-las evitado.

O que nos aconteceu
Foi lindo;
Vai ficar no passado.
As cicatrizes minhas,
E suas também,
Vão sumir com o tempo;
Amigo Tempo.

Desejo a você
Por mais que me doa um bocadinho
A felicidade.
Desejo que você se encontre
Em você;
Antes de se encontrar em
Quem quer que seja.
E que se ame
Antes de tentar amar alguém.

Minha resposta
À pergunta número 23
É que minha raiva
Não é de você,
Ela é minha;
Por eu ter deixado
Tudo isso acontecer.
Mas eu não quero seu mal.
Quero que você queira ficar bem
Como eu estou querendo.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Poesia (10.5)


Ao Mar

A única maneira,
E talvez a melhor,
Que encontrara para ser feliz
Fora sem você.

Meu coração
Está precisando de mim.
Do meu amor.

Ando descalço na areia branca.
Você molha meus pés,
Vez por outra,
Com suas ondas salgadas.

Não posso mergulhar em você
De novo.
Nem pode você
Molhar a mim por inteiro.
E não se nada no amor
Com água cobrindo só os pés.

Vou me distanciando
Da sua praia suja
E procuro respirar
A cada passo.
Quero respirar as árvores
Não mais o mar.
Quero respirar meu próprio ar.

Poesia (10.4)


Costa

Deitado de bruços
Na água salgada;
À deriva.
De olhos abertos.
Assustados,
Salgados.

Velejo solto;
Com meu olhos esbugalhados,
Riscados pelo sal e areia.
Mas velejo livre.

Vejo ilhas,
Pessoas
Todos submersos.

Vejo o mar,
Assistindo eu ir
Enquanto esse mesmo
Me carrega para longe.

Vejo o amor chegando;
Novo.

Meu corpo para
Ao ser jogado contra as pedras.
Saio da água
Com meus olhos maduros
Não mais verdes.

Saio da água de uma vez.
Abraço a areia,
Já que na mesma
Eu vou ficar;
Fincar meus pés
Enquanto caminho
Para longe.

Ainda bem que havia
Areia para me afagar.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Poesia (10.3)


Esquina

Cheguei até a sua esquina
Hoje a noite.
Olhei sua morada de longe;
Imaginei o frescor lá dentro.
O cheiro da sua casa
Misturado ao seu;
O gosto amadeirado das águas.
O gosto do amor.

Liguei pra você.
Ouvi a voz que queria tanto.
Voz essa surpresa quando eu disse:
Estou na esquina.
Na minha?!
Sua voz perguntara.
Menti;
Disse que estava na minha.
Chegando em casa.

Sangrei.
Meu olhos partidos choraram um amor fino
E brilhante.
Meus olhos choraram verde.

Disse aquele tchau
Como quem queria dizer oi.
Dei meia volta;
Entrei num táxi de um desconhecido pai qualquer.
E vim pra casa.
Pra minha casa...

Casa essa em que eu espero
Espero todo dia
Encontrar você à porta.
Quando chego
Na esquina da minha rua
Sempre procuro você
Embaixo daquela árvore.
Procuro você,
Procuro a mim.

Espero uma surpresa.
Surpresa essa que eu não sei
Como reagiria.
Espero tudo de novo.
Todo dia.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Poesia (10.2)


A Mim

Nossa felicidade poderia ter sido
Nossa.
Minha e sua.
E poderia ter durado,
Ficado conosco mais alguns anos.
Mas escolhas foram feitas.
E pessoas foram entrando
Na nossa casa.
E quem abrira a porta fora você.

Você não está completo
É o que vejo.
Está torcendo pela minha felicidade.
Você é só mais um
Que o faz;
Que torce por mim.

Entre tantos abraços que recebo
De força,
De coragem,
De amor mesmo;
Falta o seu.
Que nunca mais será meu.

A sua presença na minha vida
Se tornara um vulto
Na multidão.
Aquele rosto que eu sempre procuro
Mas nunca quero encontrar de fato.
Aquele medo e saudade.
Nem meus sonhos têm me ajudado.
E nem quando estávamos juntos
Eles eram tão frenquentes.

Lembro de você calçando sua meia;
Limpo meu pé hoje
Como você o fazia.
Lembro das noites em claro que passei
Ajudando você
Com seus trabalhos.
Lembro das noites em claro que passei
Fazendo os meus, sozinho.
Lembro de tanta coisa;
E essas coisas me lembram você.
Que por sua vez, é o que eu mais queria esquecer.

Continuo andando.
Meio sóbrio
Meio ébrio.
Durante esse tempo em que não nos vemos.
Durante essas poucas semanas
Em que não tenho escutado sua voz.
A vida está mais fácil.
Não, não está.
Mas a clareza
De que não há mais volta,
De que não há como refazer tudo,
E não há sequer vontade de mudança
Ou tentativa da sua parte,
Me grita aos ouvidos que eu tenho que ser feliz.

E eu estou sendo.
E eu vou continuar sendo.
Mesmo que eu ainda espere uma ligação sua;
Uma mensagem sequer,
Ou até um e-mail dizendo o que eu quero tanto ouvir;
E que talvez ainda haja algo a ser feito por nós
E que as coisas possam ficar bem, quem sabe.
Mesmo que a esperança em mim não tenha morrido.
Mesmo que uma lágrima ou outra ainda caia
De vez em quando.
Eu vou ser feliz.
Mesmo que eu saiba
Que a minha vida mudara.
Eu vou ser feliz.
Eu me devo isso.
Eu me devo a felicidade. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Poesia (10.1)


Ao Meu Amor

Desconhecidos seguem suas vidas.
Andam para o trabalho;
Almoçam;
Estudam talvez.
Vivem suas vidas
Sem saber 
De mim.

Um desses desconhecidos
Será aquele que um dia
Eu vou chamar de meu;
Que vai,
Deitado no meu braço,
Ver estrelas;
Descansando.
Sentindo meu cheiro
E sonhando com um futuro.

Em nosso desconhecimento
Nós nos conhecemos
E nos amamos sem saber
Que somos nós;
Que seremos nós um dia.

sábado, 12 de maio de 2012

Poesia (10.0)


Mais Do Que Eu Poderia Aguentar

Quantos sorrisos ébrios
Eu já não contei no seu rosto?
As marcas do abuso;
No seu pescoço.
As mensagens que eram minhas;
Com outros
E outros.

Fotos nossas.
Momentos meus
Guardados em mim.
Como quem guarda uma boneca de porcelana
Que nos dias de hoje
Não vale mais de nada.

Lembranças
Que eu derramo sobre o travesseiro
Toda noite.
Lembranças que se derramam em mim
Todo dia.
Memórias de uma vida passada.
Para trás.

Quantas poesias
Escritas em sangue
Foram derramadas a ti?
Quantos gritos murchos
Secaram na minha garganta?
Quantas pedidos de desculpas
Jogados ao vento
Para que você se sentisse mais confortável
Nos meus braços?

Letras de músicas.
Uma.
Mensagens.
Poucas.
Preocupações.
Quando críticas.
Amores.
O meu.
Amor.
No singular.
Pois era um só.
O meu.

Poesia (9.9)


É Preciso Que Duas Bocas Se Encontrem Para Que Haja O Beijo – Parte II

Queria entender.
Conseguir racionalizar.
Colocar em palavras, no mínimo.
O efeito daquele beijo.
Daqueles beijos.
Foram dois deles.
Pequenos.
Rápidos.
Suaves.
Momentos em que a minha boca
E a dele
Se tornaram uma.

Momentos macios que não partiram de mim
Mas dele.
Momentos que eu temo não mais viver.
Já que o dono daquele beijo
Nunca será meu.

Então arde em mim, daquele forma de arder
Que minha pele sangra e minha derme murcha,
A chama da esperança.
De que um dia
Aquele beijo
Volte a ser meu.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Poesia (9.8)


É Preciso Que Duas Bocas Se Encontrem Para Que Haja O Beijo

Ele não é meu.
Talvez nunca o seja.
E muito menos já o fora.
Aquele beijo ébrio
Trocado em meio a palavras
Balbulciantes
Não significara nada.
Para ele.

Ele nunca há de saber.
O que aquele beijo
Significu para mim,
Ficou comigo.
Trancafiado à força,
Jogado no fundo de um baú sujo
Que trancado guarda todos os beijos
Que nunca foram dados,
E até aqueles que não deveriam ser dados,
E principalmente aqueles que não deveriam ter sido dados.

Esse beijo,
Como tantos outros,
Eu vou guardar comigo
Já que o dono daqueles lábios
Nunca será meu.
Mas esse beijo
Eu vou guardar;
Comigo.