domingo, 28 de novembro de 2010

Poesia (4.6)

Peso Morto

E é nessas horas que eu descubro
Que não sou nada.
Que tudo que eu pensava ser verdade um dia
Tornou-se mentira num momento de raiva.
Gloriosos momentos de raiva
Que me fizeram ver a verdade!
Verdade essa me sangra o pescoço,
Como uma galinha velha
Pronta para se tornar alimento
Para aqueles que não merecem sobreviver
Do meu sangue.

Então desse mesmo modo
Toda a minha confiança se esvai.
Toda a minha maquiagem borrada
Parece mais destorcida ainda,
Como se eu não tivesse tido tempo
Para sequer modelar minha base.

Morto e deixado de lado
Com minhas um dia belas nádegas à mostra,
Eu, fora do meu corpo,
Vejo passarem os transeuntes.
Também machucados,
Também sofrendo,
Também almejando a morte,
Mas nenhum deles no chão.
Nenhum deles está nu,
Debruçado em lama flácida
Que me envolve e aquece.

Se um dia eu puder voltar;
Se um dia eu for capaz
De mostrar a que vim
Espero que esse dia seja ontem.

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