segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Poesia (3.4)

Deixe-me

Deixe-me.
Apenas deixe-me.
Eu gosto disso tudo.
Gosto do meu livro rasgado,
Do meu disco arranhado,
Da minha cara amassada,
Do meu osso partido,
Do meu coração...
Eu gosto dessa tristeza.
Eu gosto de ouvir Deus rindo às minhas costas
Irônico.
Então, deixe-me.
Apenas deixe-me aqui a definhar.
Eu não pedi para ser salvo.
Eu não pedi para ser socorrido.
Eu nunca pedi sua ajuda.
Eu não estou esperando meu príncipe
Num cavalo branco.
Eu estou esperando a morte.
E sei que ela virá.
É a minha única certeza...

Eu quero ficar aqui
Exatamente como você me conheceu
Exatamente como você me viu sempre:
Ao chão.
Quero ser visto de cima,
Parecer inferior.
Me faz bem.

Eu gosto da solidão.
Dos meus cubos de açúcar
Que só eu vejo como doce.
Eu gosto da minha tela rachada
Que mostra uma imagem honesta.
Eu gosto do meu espelho em cacos
Porque só assim
Eu vejo
Quem eu realmente sou.

Apenas deixe-me...

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