domingo, 15 de agosto de 2010

Prosa (0.2)

Um zumbido grosso e repetitivo inundava meus ouvidos ao passo que eu chegava à porta do quarto 107 do hotel. Eu tentava frustradamente me acalmar a força, o que resultava numa agonia maior ainda. Eu sabia que ela estaria ali. Eu sabia com quem ela estaria. E eu sabia o que estaria fazendo. O som compassado que eu ouvia aumentando era o som dos meus batimentos cardíacos. Espero que ele não falhe agora.

Parei. Parei à porta. O cheiro da raiva era agridoce. Era como se eu soube que algo meu, algo que eu prezava muito, estava prestes a se esvair. Era como se eu estivesse parado à porta do suicídio. Não um suicídio que iria me levar a óbito, mas algo que me deixaria em coma por um certo tempo. O maior dos fracassos pra mim seria não morrer por completo. Entretanto, eu não estava ali para morrer. Eu estava ali para matar. Matar aquilo que me corroía e que um dia eu chamei de amor.

Coloquei minha mão fria, trêmula e amarga na maçaneta abaloada da porta e girei...




Continua...

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