domingo, 5 de abril de 2015

Poesia (22.2)

animação por Leandro Lyra


Segundos

Incrédulos.
Secos.
Adjetivados à desnecessidade.
Que me fecham o mundo.
Que deixam de existir
Os outros.
Não vêem o que não quero que vejam.
E não hão de abrir para quaisquer
Imagens.
Fechados sem porta
Encontram no vazio
De seu fundo
Janela de algumas almas;
Não pensaram que nem todo corpo
Carrega consigo
Um pedaço do divino,
Algumas cascas
Estão soltas
Para serem pisadas
E apenas fazem algum barulho
Quando quebradas,
Outras espumam recheio
Antes mesmo de serem tocadas.

Com a branquidão ao relento
Não há cor que seja mais pura
Do que aquela que se escolhe ver
No outro.
E piscam os olhos
Sem saber o que ver
Na tentativa inócua de atingir
O sublime.

Piscam os olhos
Abrindo-se ao mundo
E por fim morrendo diante
De tanto.
Escolheram o vazio da penumbra,
Do escuro,
E da porta cerrada.
Não mais abertos
Desejam estar. 

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