quarta-feira, 22 de abril de 2015

Poesia (22.6)

Find Me

My hands ran again
As fast as the wind
But could not cover my mouth
Nor my eyes.

I missed you for a second,
All the wrongs,
My rights...

Then I’m here
Crying my way through the drizzling night,
Craving our names
Into the back of my bed
Where I’d see us
While I sleep.

Your happy face,
Your cute little smile
Celebrating.
I do hope you have found
A warm place
Where you are to ride along
With your dreams.

Happy I am
For you,
Cannot for me yet I be
Shall happiness I am to find
In seeing myself
Alone.
Just I.

domingo, 12 de abril de 2015

Poesia (22.5)

Motriz

Nos finais de semana
Descanso.
Danço tudo que tinha que dançar,
Deixo cair lágrimas em copos de plástico
E bebo tudo de volta de uma só vez
Com sal e limão.

Nos finais de semana,
Descaso.
Vejo os filmes que tinha de assistir
E faço maratonas agarrado
Aos meus travesseiros,
Os dois melhores amigos que tenho
E que não me deixam nunca;
A não ser no meio da noite
Quando um deles
Sempre teima em ir ao chão.

Durante os finais de semana
Descasco beijos de estranhos,
E nos abraços apertados de amigos
Me encontro;
E me aqueço nos cigarros emprestados.

São os finais de semana que me arrastam
Pela semana toda,
Como quem come as bordas do sanduíche
Para aproveitar o recheio mais pulsante.

Nos finais de semana também
Findo.
E me deixo pra trás aqui e ali
Nem sempre voltando
Para esses pontos;
Mas sempre querendo partir.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Texto (0.4)

Fenestra

Passei por vários quartos até chegar a esse. O atual. Minha infância e parte da minha adolescência foram na casa de vovó. Lá meu quarto era confortável, sem muita privacidade, mas com força de vontade e muito aperreio, construí a minha própria. Podia trancar a porta do meu quarto aos doze já: ver televisão, ler um pouco, ouvir música num volume alto nos meus fones de ouvido com fio extensor que me permitiam fazer outras coisas enquanto escutava música. Não tinha muito barulho, mas como casa de vó, sempre tinha gente batendo na porta para falar comigo.

Já o meu segundo quarto, na casa dos meus pais, não tinha janela. Tinha uma porta sanfonada que dava na cozinha, e sempre muito barulho vinha da cozinha, porque era, claro, a cozinha da casa. Fora o cheiro de comida que nem sempre era agradável. Por não ter janelas, fazia muito calor e o ventilador de teto não dava conta do recado. Depois de um tempo e de muita birra troquei de quarto na mesma casa. Fiquei com a suíte. Ainda assim, por mais que tivesse uma janela grande, seu basculante não dava em lugar nenhum; o quintal não tinha nada a se ver, nem mesmo me mostrava nada de interessante. Foram mais uns oito anos nesse quarto com uma janela morta.

Então, ano passado, nos mudamos. Primeiro apartamento. Primeiro andar. E uma janela verticalizada, não muito larga. Relutei para colocar rede protetora, mas, como minha irmã ainda é pequena, acabei cedendo às pressões de mamãe.

O que vejo não é muito. Um prédio alto a alguns metros, a rua pouco movimentada; mas o céu, ah, o céu... Vejo-o se apoderando de tudo daqui da janela. O sol gritando sobre os meus olhos assim que raia. Escuto pássaros e insetos brincando na árvore que cobre quase toda minha visão do mundo. Que janela!

Aprendi a gostar do barulho dos pássaros de manhã cedo, de observar o ritmo alternante das luzes dos apartamentos que enxergo. Não tenho a vista do mar, nem muitas vezes da lua; não queria tanto talvez. O que vejo é a vida lá fora, existindo no seu ritmo. Através da minha janela aprendi a me ver mais, a deixar meus pensamentos correrem soltos pelas noites onde o canto é o dos carros que passam ao longe. No meu quarto, a essa hora da noite, escrevo no céu com meu olhar; e ele escreve de volta em mim em uma língua que agradeço por não conseguir decifrar.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Poesia (22.4)

Que Seja

Que me agarrasse pelo braço,
Que saíssemos aos berros
Sendo altos
E no prazer das alturas
Encontrássemos um ao outro.

Que soubesse do açúcar que gosto
No chá,
Das colheres de amor
Que correm nas veias.

Que trouxesse areia
Aos meus pés
E que praias lindas visitássemos.

Que beijasse minha mão
Na fila da padaria
E minha bochecha avermelhasse toda
Querendo retribuir;
E que retribuísse.

Que abraçasse minha dor
E essas malas pesadas
Amarradas aos meus cadarços
E soltasse tudo pela janela
Do primeiro andar
Olhando para baixo
Não querendo machucar ninguém.

Que mastigasse minhas orelhas
Na madrugada tenra
Com os mais belos poemas
Derretendo meus olhos
E avermelhando minha barba.

Que me amasse como eu amo.
Já bastava.

Poesia (22.3)

Ei

Nego,
E esse carinho todo,
Faz o que com a gente?
E essa mordida
Nos sinais da minha pele,
Faço o que elas?
E com as marcas, nego?
E com as marcas
No meu corpo
Que você deixou nesse tempo todo;
Elas saem, nego?
Saem?
Tu acha que vão assim,
Do nada,
Embora?
Fala pra mim, nego.
Me diz que vai ficar tudo bem,
Que meu peito vai fechar,
Que teu corpo vai tá aqui comigo
De novo e de novo
Nessa saudade torta
Que faz da gente um só.

Ah, neguinho,
Até quando vai ficar aqui
Esse calor todo?
Até quando, nego?
Até quando vai ser sexta-feira no meu peito?

Vem, dengo, vem.
Me faz feliz,
Brinca com minha orelha,
Beija meu ombro,
Cheira meu cangote,
Sem querer
Deixa cair a roupa,
Faz o que de mais pagão
A gente tem pra oferecer.

Depois vai, nego, vai.
Some da minha vida
Deixando rastro pelos seis cantos
Da minha casa.
E deixa essa saudade aqui
Porque sem ela eu fico só.

domingo, 5 de abril de 2015

Poesia (22.2)

animação por Leandro Lyra


Segundos

Incrédulos.
Secos.
Adjetivados à desnecessidade.
Que me fecham o mundo.
Que deixam de existir
Os outros.
Não vêem o que não quero que vejam.
E não hão de abrir para quaisquer
Imagens.
Fechados sem porta
Encontram no vazio
De seu fundo
Janela de algumas almas;
Não pensaram que nem todo corpo
Carrega consigo
Um pedaço do divino,
Algumas cascas
Estão soltas
Para serem pisadas
E apenas fazem algum barulho
Quando quebradas,
Outras espumam recheio
Antes mesmo de serem tocadas.

Com a branquidão ao relento
Não há cor que seja mais pura
Do que aquela que se escolhe ver
No outro.
E piscam os olhos
Sem saber o que ver
Na tentativa inócua de atingir
O sublime.

Piscam os olhos
Abrindo-se ao mundo
E por fim morrendo diante
De tanto.
Escolheram o vazio da penumbra,
Do escuro,
E da porta cerrada.
Não mais abertos
Desejam estar. 

Texto (0.3)

Estalos

Tenho uma poesia a escrever, mas ela não sai. Em prosa se fazem as palavras uma vez perdidas em versos. Encontro outros números, outros sentimentos, outros rapazes e moças perdidos como eu. Tenho um conto a escrever, mas só versos chegam a minha mente. Não penso em histórias fantásticas nem muros altos que só os contos contam. Penso no movimento das minhas mãos quando escuto seu nome. E contos não são escritos sobre movimentos de mãos. Ou são? Os meus não serão.
Escrever tornou-se a terapia que não me é cobrada. Um momento íntimo tal qual tomar banho, fazer um café no meio da madrugada, ouvir o barulho dos carros em sinfonia urbana ou até mesmo fazer amor. Escrever tornou-se o que precisava tornar-se; a pausa excêntrica da minha labuta cordial com o mundo. Então caminho em direção às letras soltas para trazê-las à vida. Não que letras soltas não tenham vida. Um A me diz muito mais do que muita gente já tentou compor em sintonias de horas de palavras. Mas busco um balanço sem ritmo próprio nos meus As e Bs, também nos meus Cs.
Queria dizer tanta coisa, mas com meus silêncios, poucos que tenham sido, aprendi a calar; consentir nunca foi meu forte, porém há momentos de necessidade em que palavras perdem seu propósito e ganham vida em meu rosto, meus braços, meus olhos e minhas mãos principalmente. Minhas mãos são as janelas que meus olhos jovens não conseguem ser. Vê-se nelas o que passei, e também por onde passaram. Por rostos desconhecidos, por corrimões, copos e talheres e pratos e cigarros e outros copos e mais rostos desconhecidos e alguns corpos e meu corpo e meu rosto e minhas lágrimas e meu cabelo e sangue meu e minha respiração que não pode ser segurada.
Respirem, mãos. Segurem esse cansaço que vem à frente, pois não há quem segure o que minhas mãos seguraram. O meu peso. Minhas lágrimas. E todo o meu amor. 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Texto (0.2)

Finde

No fim fica esse sentimento todo. Essa tristeza imensa guardada. Palavras que secaram e não sabem mais para onde seguir. Meu desespero em apontar dedos. Minha enorme, imensa, indiscutível tristeza guardada; que pensa no tanto que poderia ter sido feito para que a vida continuasse caminhando. E me martelo lembrando que isso aqui é só solidão falando. 

No fim ficamos sós, sem um ao outro. Conto nos dedos as saudades, os suspiros, as vezes em que penso em você não cabem nem em minhas mãos. 

No fim fico eu. Permaneço desnudo e ensanguentado, virado do avesso, odiando o passado irracionalmente; tendo o futuro na prateleira empoeirando já, quase gasto está o futuro. 

No fim estão os abraços rápidos, sua cara amarrada por pequenas meninices, as comidas frias, as músicas que não podiam ser cantadas, meu peito enorme que queria ter te dado o mundo e você não soube querer. 

No fim sou eu quem chora na noite quente de Recife, que não tem ar-condicionado que esfrie ou seque minha dor. A dor de tentativas frustradas. Dos desamores e desgostos dados. Que minha inconsciência culpa você sim. Que não nego que dói muito. Que minha dor é só minha e que ela não vai embora por medo de que sem ela eu fique de vez completamente só.

No fim findamos. Findei. Por não aguentar mais as birras e os trejeitos específicos que me tiravam do sério. Tive eu que ir lá, depois de todo o arrastar sanguinolento, e terminar tudo. Como uma festa que fracassa e ainda tenho a dor de limpar o salão. Como uma vida celebrada na ironia.

No fim morremos, eu sei, então logo não é o fim ainda. Mas de fins em fins morro um pouco. E nem mais posso dizer que está desgastado meu coração, afirmo apenas que ele também se findou. Mandei para o conserto do tempo e a minha teimosia há de regrar esse retorno. Findei-nos sim, e o faria seis vezes de novo, para cada ano de sofrimentos e alegrias juntos. Findei-nos por não ter outra saída. Você não me deu nenhuma.