sábado, 13 de abril de 2019

Poesia (29.5)

incoercível

eu bato o portão sem fazer alarde
eu levo a carteira de identidade
uma saideira, muita saudade
e a leve impressão de que já vou tarde
-chico buarque


.escorre pelo meu queixo lambuzando a mesa e encrua debaixo das minhas unhas a dor que mordo e mastigo e cuspo e como do chão é dor e também boca é seiva da minha pele desaguando sem pausa sem ponto nem vírgula que não respira nem respeita meu pranto muito menos meu sono que quando viro a esquina desavisado percebo que volta de metrô bêbada saudosa com cheiro de goiaba e jasmim e vai de novo picotando meus tecidos e me deixando insone adormecer ao som dos riscos nos discos do que um dia ousei dizer amor.

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