sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Poesia (16.2)


Amordaçado

Minha poesia secara
Assim como meus olhos;
Que hoje vermelhos
Só resta agora
O apodrecimento.

Cansado
Deito atrás da porta
Ao som da vitrola
De uma outra geração
Remoendo dores
Tão novas.

As folhas caem aos montes
E os frutos já não doces
Esbugalham-se no chão duro.

Meu punho força
A poesia para fora
Mas meus dedo já não se movem,
Escrevo com os dentes trincados
A dor que já não sei se sinto;
A dor que me tornei,
A dor pela qual me apaixonei.

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