sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Poesia (15.3)


A Prataria Dependurada Na Leveza Do Esquecimento

Acordar
Sem lembrar das manhãs
Em que fui acordado.

Calçar meus sapatos
E não saber que você
Está ali
Limpando os seus pés
Com a meia.

Ouvir tal música
E deixar para lá
Todo o sentimento
Que um dia fora tão vivo
Ao som de cada nota.

O lado bom de esquecer
É saber que você nunca
Vai esquecer tudo.

Mas as coisas vão descansando
Uma a uma
Numa estante velha
Que com o Tempo
Você nem mais terá acesso
Pelo tanto de coisas novas
Que você ganhou
Para pendurar nas paredes.

Tenho tanta coisa nova
Para vislumbrar nas minhas estantes.
Não posso ficar
Alimentando a dor fina
De ver essas memórias,
Que você fizera questão
De amassar,
Dia após dia.

Deixarei a poeira do Tempo
Fazer seu árduo,
Porém eficiente,
Trabalho.
E seguir minha decoração
Com o passar do Amor
Que ainda tenho pelo ato
Simples de respirar.

As velhas estantes ficaram
Para trás.

Não misture o que ganhou agora
Com a sujeira de outrora.
Pense um pouco
Menos em si,
E respeite os seres humanos
Que não sabem
Dos presente que ganham
E acham que as coisas
Estão seguindo um caminho correto
Quando tudo está
Inundado com o sua falta de caráter
E a minha infeliz covardia.

Darei uma festa
Para inaugurar
Minhas novas estantes.
Recém descobertas
Na sala da minha memória.

Que sejam belos
Os momentos
Que aqui fiquem.
Que sejam sinceros
Os amores que por aqui passem.
E que seja meu
Meu coração tão
Desgastado
De tanta prataria.

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