domingo, 23 de setembro de 2012

Poesia (15.7)


O Perdão Reconhecido

Meu coração se aperta
Pelas memórias erradas
Que deixei acontecer.
Memórias sujas que fazem de mim
Alguém que fez demais
Por uma vida que estava morta
Desde o começo.

Meu perdão
É o que eu  mais me peço.
Perdão esse
Que me falta
À noite
Quando busco descanso.

Queria ter me afastado
De toda essa trajetória
Imunda
Que eu fui fraco
Ao atravessar.
Fazer parte desse jogo
Onde só quem sai ganhando
É quem tem a capacidade
De não ter escrúpulos.

Deitar-me com esse passado
Nas costas
É doloroso.
Essa dor grosseira
E pesada
Se faz presente
Quando lembro que fui coadjuvante
De erros cometidos
Contra uma pessoa
Que nunca fez ou quis
Meu mal.

Venho através desta
Redimir-me desse sentimento
Encardido
E passar a pedir perdão
Aquele alguém
Que feri sem intensão
E recorrer a mim mesmo
Para que ainda haja amor
Quando não parecer haver mais
Esperança.

A orla desse mar
Não sabe onde
O mesmo já quebrou suas ondas.
Não há de saber diante de mim.

Espero que essa dor do conhecimento
Nunca corte a sua areia.
Espero que viva-se bem
Da melhor maneira. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Poesia (15.6)



Você dormindo;
Eu escorrego baixinho
E beijo sua testa
Olhando seu sorriso.

Sua voz sonolenta
Diz uma sílaba nossa
Dando a mim um sorriso
Que cobre você de amor.

Abraço você sem força,
Você se aninha nos meus braços;
Sou maior que você,
Mas o nosso amor
Sempre me fizera tão pequeno.

Um beijo na sua nuca me basta
Para sentir você comigo de novo
Para sentir seu cheiro
Para lembrar do motivos que eu tinha
Para não ir embora.

Você acordando aos poucos
Olhando pra mim
De mansinho
Beijando meus lábios
Sorrindo entre um beijo e outro.

Meus olhos vivos brilhavam
Com você de manhã do meu lado
Ou às vezes no meu ombro deitado
Olhando sempre
As velhas estrelas pintadas de azul.

Queria ver o sol nascer de novo
Nessa terra de amor.
Queria você aqui a dormir
Calmo e sonhador.
Sabendo que aquele amor não pode morrer
E onde nasce amor assim
Nunca há de haver dor.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Poesia (15.5)


O Beijo Vermelho

Seu cabelo bagunçado;
Seu rosto voltado
Para a mesa.
Você olhando pra mim,
Seus sorrisos
Quietos e ainda assim
Cada um deles
Parecia um abraço
No meu peito cansado.

Suas mãos no meu cabelo
Por um milésimo de segundo
Fazendo minhas bochechas
Corarem
Em meio a tanta gente.

Não tenho razão
Para me sentir assim.

Seria novo
Se eu já não tivesse vivido tanto,
Mas não deixa de ser especial,
Talvez seja mais especial do que pareça
Pelo fato de eu já ter vivido tanto
E por saber que meu coração desgastado
Ainda bate assim
Desritmado.

Vou guardar comigo
Mesmo que nenhum futuro
Haja
O beijo colado no meu rosto
Que tão rápido se fez e desfez
Que a minha única reação
Fora levar a face
Minhas mãos frias.

E no meio da multidão
Fiquei quente.

Espero que esse seja só mais um
Dos inúmeros beijos
Que me deixaram
Vermelho.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Poesia (15.4)


Ofensa e Redenção

Declarei sagrado
Nosso amor,
Durante a noite
Em que diziamos
Que o mesmo
Havia sido deixado de lado.

Respeito suas decisões,
Atendo às suas ligações
Sabendo quem você é
Do outro lado da linha.
Tenho por você
Um carinho imensurável;
Uma preocupação e cuidado.

Ainda me sinto na obrigação
De acolher você no meu lar
Quando você pede.
Queria conversar.
Queria um ombro amigo.
Queria eu poder te dar
Isso sempre.
Mas você sabe
Que eu preciso ser um pouco
Egoísta.
Pois já tentamos ser amigos
E as coisas não foram
Por onde deveriam.

Não sei como ainda me surpreendo
Com você.
Vai ver eu não te conheço como
Deveria
Ou como penso que conheço.

Quando digo que não te amo
Digo também que não sei
Quem você se tornou.
Que isso não pode ser amor.
Já que eu tenho certeza
De que amor
Fora sentido por mim um dia.

Sua sujeira não pode
Ser deixada comigo
Toda vez que você quer
Alguém.

Digo claro e sereno
Que a cada vez que nos vemos
Mais cicatrizes são deixadas
E outras são abertas.

Vi nos seus olhos
Alguém que eu nunca tinha visto antes.
Ao menos não comigo.

Não me procure
Quando quiser meu corpo;
Isso me ofendeu
De uma maneira
Que eu pensei que nunca fosse acontecer.
O jeito como suas palavras
Rasgaram meu rosto.
Ali eu percebi
Que nada nunca mais
Vai ser o mesmo.

Desejo da porta de nossa casa
Sua mais completa felicidade.
Que chova quando você estiver com calor.
E que você já esteja distante
Quando eu encontrar de novo
O amor.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Poesia (15.3)


A Prataria Dependurada Na Leveza Do Esquecimento

Acordar
Sem lembrar das manhãs
Em que fui acordado.

Calçar meus sapatos
E não saber que você
Está ali
Limpando os seus pés
Com a meia.

Ouvir tal música
E deixar para lá
Todo o sentimento
Que um dia fora tão vivo
Ao som de cada nota.

O lado bom de esquecer
É saber que você nunca
Vai esquecer tudo.

Mas as coisas vão descansando
Uma a uma
Numa estante velha
Que com o Tempo
Você nem mais terá acesso
Pelo tanto de coisas novas
Que você ganhou
Para pendurar nas paredes.

Tenho tanta coisa nova
Para vislumbrar nas minhas estantes.
Não posso ficar
Alimentando a dor fina
De ver essas memórias,
Que você fizera questão
De amassar,
Dia após dia.

Deixarei a poeira do Tempo
Fazer seu árduo,
Porém eficiente,
Trabalho.
E seguir minha decoração
Com o passar do Amor
Que ainda tenho pelo ato
Simples de respirar.

As velhas estantes ficaram
Para trás.

Não misture o que ganhou agora
Com a sujeira de outrora.
Pense um pouco
Menos em si,
E respeite os seres humanos
Que não sabem
Dos presente que ganham
E acham que as coisas
Estão seguindo um caminho correto
Quando tudo está
Inundado com o sua falta de caráter
E a minha infeliz covardia.

Darei uma festa
Para inaugurar
Minhas novas estantes.
Recém descobertas
Na sala da minha memória.

Que sejam belos
Os momentos
Que aqui fiquem.
Que sejam sinceros
Os amores que por aqui passem.
E que seja meu
Meu coração tão
Desgastado
De tanta prataria.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Poesia (15.2)


Uma Casa Perdida Entre Os Amores Passados

Minha mente
Vaga por lugares
Que ecoam um sentimento
De calma.
Não queria estar
Eu
Em tal lugar.
Não sinto que quero
Estar bem.

Saboto minha felicidade
Ao lembrar do tanto
Que fora vivido
Sobre o manto
Da felicidade.

Há dúvida
Sobre todas as manhãs
Em que acordo sem você.
Há amor
Em tudo que eu faço
Ou penso.
Há dor
Em toda lembrança
Que compartilhamos.

A casa está vazia
Há algum tempo.
Mas eu teimo em permanecer
Deitado
Olhando as estrelhas no teto.

domingo, 2 de setembro de 2012

Poesia (15.1)


Perdidos Segundos Ingênuos

Éramos ingênuos.
Acho que a melhor definição
Para o que houve conosco é essa.
Ingenuidade.
Na pressa.
Na calma.
Na cama.
No amor tantas vezes dito
Eterno.

Pensar que um dia
As mensagens fizeram
Acelerar meu coração.
Hoje mensagens são rotina.
Não me surpreendo mais
Com as velhas novidades.
Nem mesmo com os novos
Amores passageiros.

São tantos mesmismos
Que a graça se perdeu
Quando você chegou.
Não faria tudo de novo
De modo algum.
Nem por mais amor,
Nem por muito mais carinho.
Nem pago com mais anos de vida.

Queria ter de volta
Minha ingenuidade
E meus segundos perdidos.