segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poesia (8.7)

Debruçado

Deitado de bruços
No chão frio
Do banheiro sujo
Com a cabeça na mão
E o coração apertado.
Terminando de escrever em sangue
Minha última carta.
Enquanto minhas mãos
Ainda suportam os requerimentos
Da mente
Que as obriga
A passar para o papel úmido
Minha dor tangível.

Não sei quanto tempo ainda me resta.
Também não sei se ainda me resta algo.
Creio que eu seja o resto.
E de resto, nada mais provavelmente me resta.

Não posso ser base,
Não tenho tanta força para segurar
Nada acima de mim.
Também não posso ser topo
Não sei ser importante o suficiente
Para estar tão acima.
Então mantenho-me regular
Mediano e extremamente comum.

E com o que ainda me resta de sangue
Tento achar meu lugar nesse mundo
Mas tudo que vejo
É o chão sujo
Desse banheiro frio.

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