sábado, 30 de julho de 2011

Poesia (7.8)

Duzentos e Sete Ventos

Talvez o erro tenha sido meu.
De ter gritado minha dor aos duzentos e sete ventos
E ter quisto que ela fosse abraçada
Por todos que estavam ali.

E agora eu tenho certeza que a culpa
Foi de fato minha.
Por ter extasiado do meu corpo
Toda essa dor
Que tantos abraçaram.

Mas o que fazer com essa felicidade?
Os ventos que ouviram minha dor
Deram as costas
Para qualquer sentimento
Que pudesse sair de mim.

E agora pensam que só há dor em mim...
Mas não...
Há em mim um leito de felicidade
E uma felicidade latente
Sobre um futuro
Que por mais incerto; meu.
Desejo que os ventos ouçam meu grito de euforia
E saibam que a dor se foi;
Há de voltar;
Mas não mais gritada.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Poesia (7.7)

Bússola

Perdemos o caminho
Nessa estrada destruída pelo Tempo
E por um tempo cruel.
Estrada degradada por chuvas
E sóis.

Perdemos nosso caminho
No meio de tanta floresta
Em que a fauna
Era vista a apodrecer
Enquanto corríamos
Sem a menor noção
De que destino havíamos tomado.

Nos perdemos nesse caminho
Que em dias de frio
Era lindo e branco,
Mas em dias de calor
Só víamos a paisagem vermelha coberta de orvalho,
Coberta de lágrimas do Dia.

Nos perdemos no nosso próprio caminho
Em meio aos nossos abraços noturnos,
Confidências ao pé do ouvido
E lágrimas sangradas por dentro.

Nos perdemos, por fim,
De nós mesmos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Poesia (7.6)

Celado

A cela está aberta
Mas eu me recuso a ir.
Optei por permanecer aqui.
Guardando meu lugar
Nesse cárcere.

Lembro-me de ter gritado,
Chorado,
Ameaçado muitos,
Para que me tirassem daqui.
Lembranças longínquas hoje
Que não mais me tocam
Com seus dedos.

Nunca me prenderam.
Pedi para ser guardado.
Mantido aqui,
Aquecido no seu amor
Precipitado.

E aqui permaneço;
Sem querer sair
Da minha prisão carinhosa.

A porta está aberta
Mas quem está fechado sou eu.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Poesia (7.5)

O Balanço Vermelho

Este eterno estado inerte
Está sempre
Puxando o melhor de mim;
Para um lado
E para o outro.
Como um balanço débil
De uma criança cega.

Perdido em meio ao verde
Em meio ao vermelho.
Perdido dentro do vermelho.
Vermelho sem saída.
Vermelho roxo;
Troncho.
Envergado como minha coluna exausta.
Quebrado como meus dedos calejados.
Vermelho cruel.
Vermelho da paixão,
Do ódio,
Do amor,
Da dor.
Vermelho.
Vermelho que não me deixa
Ver melhor.

A eterna dúvida
De um amor vendido,
Trocado.
Onde estarão meus feijões mágicos?
Aonde iriam me levar?
Não sei onde estou
Então não importa que caminho seguirei
Já que tenho dentro de mim
Todas as dúvidas do mundo.
Queria ter de volta
Todos os sonhos.
Mas eles se perderam.

Então continuo seguindo esse vermelho.
Nesse balanço sem fim
De inércia sofrida.
Esperando o dia de parar e descer.
Esperando por fim
Não cair.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Poesia (7.4)

Lágrimas Sonoras

Esse choro quieto;
Calminho, calminho.
Covarde, sem força.
Morto.
Já velado.

Choro no canto.
Choro baixinho, baixinho.
Não quero incomodar.
Não quero me explicar.
Não quero arranjar desculpas para tal.
Quero apenas despejar ao mundo
Pedaços de prata que anunciam meus sentimentos.

Choro rubro.
Choro pequeno.
Tímido,
Sem intensões de chamar atenção.
Choro de intensão única,
Aquela intensão que só cabe a mim.
Que responde às minhas perguntas.
Choro que ninguém pode consolar.
Porque ninguém ouve.

domingo, 3 de julho de 2011

Poesia (7.3)

Cacos e Sangue

Eu tentei demais.
Apliquei esforço,
Suor,
Choro,
Paciência.
Mas no fim não consegui.
Eu tentei proteger você
Como ninguém antes havia tentado.

Envolvi você nas minhas asas de vidro.

Mas você não via
Que o que envolvia você era o meu carinho e cuidado.
E você quebrou isso;
De murro em murro
Minhas asas partiram
E com o vidro no chão
Veio o sangue.
Sangue meu.
Um tardio sangue seu.

Se você soubesse
Que eu estava só tentando te proteger
Talvez você não tivesse esmurrado tanto,
Gritado tanto
E feito pouco de mim,
O único que ainda tentava resguardar-te
De um mundo que era conhecido por cruel.

Agora eu tenho que partir
E sinto um certo pesar por deixar você
Desprotegido.
Mas foi uma escolha sua
Estar lá fora.
Espero que você tenha feito a escolha certa
Já que não há mais possibilidade
De colar cacos e sangue.