terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Poesia Interlúdio - Recontagem

 o tempo que o tempo passou pra mim

 

tanta poesia passou,

tanto poema ficou,

tanto amor e desamor e malamor e contraamor e bemamor transitou;

nesse interlúdio de vida

mais vida houve.

uma morte aqui, outra acolá.

 

desde então 

um casamento lindo,

um amor-parceiro cruzou meu peito,

fez morada,

morou,

e parti; parti de mim, dele, mas as fotos ficaram.

lembrança de nós, de estarmos nós. 

carinho casado.

 

outros bichos.

gatos e gatinhos. 

uma fuga de mim breve,

para então um retorno glorioso

cheio de vida.

 

a casa é grande.

um apartamento-morada-sobrado

sobro e moro aqui, 

ocupo meu amor por mim.

 

olhei o mundo de longe,

viajei noutros países

conhecendo meu coração

como ninguém.

beijei as terras e os homens daquelas terras.

perdi por lá uns pedaços

da guerra comigo.

mas voltei vencendo,

ao entrar de volta na terra

que é mais água e âncora 

que terra.

 

hiperbólico e alcoólico

prossigo sim,

mais firme que forte.

e sempre com os meus pés.

 

premiado, escritor,

artista da minha arte.

tão minha.

tão eu.

 

na recontagem das minhas poesias

eu aprendo a me ler novamente,

sabendo que nunca escrevi

palavras que não fossem

as que eu aprendi no mundo.

 

reconto a mim meu próprio interlúdio temporal.

querendo sempre estar aqui,

em casa,

ao passo que

viajar o mundo dos outros

nunca pareceu tão ambicioso.


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