o tempo que o tempo passou pra mim
tanta poesia passou,
tanto poema ficou,
tanto amor e desamor e malamor e contraamor e bemamor
transitou;
nesse interlúdio de vida
mais vida houve.
uma morte aqui, outra acolá.
desde então
um casamento lindo,
um amor-parceiro cruzou meu peito,
fez morada,
morou,
e parti; parti de mim, dele, mas as fotos ficaram.
lembrança de nós, de estarmos nós.
carinho casado.
outros bichos.
gatos e gatinhos.
uma fuga de mim breve,
para então um retorno glorioso
cheio de vida.
a casa é grande.
um apartamento-morada-sobrado
sobro e moro aqui,
ocupo meu amor por mim.
olhei o mundo de longe,
viajei noutros países
conhecendo meu coração
como ninguém.
beijei as terras e os homens daquelas terras.
perdi por lá uns pedaços
da guerra comigo.
mas voltei vencendo,
ao entrar de volta na terra
que é mais água e âncora
que terra.
hiperbólico e alcoólico
prossigo sim,
mais firme que forte.
e sempre com os meus pés.
premiado, escritor,
artista da minha arte.
tão minha.
tão eu.
na recontagem das minhas poesias
eu aprendo a me ler novamente,
sabendo que nunca escrevi
palavras que não fossem
as que eu aprendi no mundo.
reconto a mim meu próprio interlúdio temporal.
querendo sempre estar aqui,
em casa,
ao passo que
viajar o mundo dos outros
nunca pareceu tão ambicioso.
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