sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Poesia (28.8)

amanhecemos

oscilantes
oscilantes
os corpos se esticam
pela manhã que os ilumina
por uma brecha mínima
da janela vedada.

levanto desperto,
apercebo miados,
caminho até a cozinha
semi vestido,
libero a porta
e deixo os sons famintos
lamberem toda a mobília.

torradas,
café,
polpa-água-peneira-açúcar-gengibre-suco-copo:
carinhos líquidos
numa bandeja materna e natural.

tropeços me devolvem ao quarto,
acaricio o adormecido rosto
com frestas maiores de sol
e beijo os ouvidos e bochechas
com o cheiro do café na cama.

a maresia de carinhos
puxa-nos pra fora
com o desejo de continuar.

o dia claro ou escuro
pouco importa
se meu coração canta contigo.

Um comentário: