segunda-feira, 30 de julho de 2018

Poesia (28.6)

passos sobre luas

que bobagem é o que,
por falta de melhor léxico,
chamo de amor.

escrevo do mundo ideal
o que as palavras
permitem.
rogo por elas
e agradeço às mesmas.

caminho de lua em lua
entendendo trôpego
que apenas devo
continuar
caminhando.

não há disposição
para amar
quando não há
disposição
para ser amado.
e essas bilateralidades
complexificam-nos.

chamo de amor
o sentimento,
mas,
mais ainda,
chamo os gestos,
mais do que as outras
todas
palavras associadas.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Poesia (28.5)

a poesia derrama

como leite fervido
que molha o fogão.

escuto palavras de afeto
e bum!
lá está o elogio ouvido
alquimizado.


cochilo vespertino, pelos e grandalhices simbióticas

há beleza na beleza.
há mais beleza ainda
no carinho.

mãos dadas
mostram-se armas
políticas.
veemências conectoras
das mentes que se alinham
ao passo que se permitem
o desdobrar.

a gentileza no olhar
percorre todo o Corpo
como banho de gato,
lambendo a superfície
grandiosa.

as palavras
repetidas
surpreendem.
afagos feitos
dos lábios aos ouvidos
e, oras, às almas também.

todavia o sol vai
deflorando o relaxamento
que outra noite fora
gozado
sonora e enfaticamente
a todos os ventos que passaram;
à luz das conversas,
aos encantos dos beijos
(que aqui
beijam mais a história
que nos trouxe
do que propriamente
as bocas).

do café às saudades
quero mais de mim contigo.
e agradeço
o elogio que fez
ao equiparar
um soberbo cochilo vespertino
ao nosso encontro.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Poesia (28.4)

there's such uniqueness
over the flavor of
possibility that,
more often than not,
it seduces my soul.

i can
or
the way my body learned to fly

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Poesia (28.3)

seis de julho de dois mil e dezoito e a surrealidade de estar em mim

o dia em que me olhei no espelho ao dormir
e perguntei, dançando, se havia algo ainda a ser dito.

as respostas vieram aos bolos
de maçã.

ponderei os nozes.
calculei respostas.
mas de certeza abri os olhos.

cambaleei a vista pelas fotos,
respirei fundo.

lembrei do festival de inverno de outra vida.
do cheiro do desodorante.
das caminhadas solitárias.
do meu sorriso que antevia sua chegada na praça.
lembrei de mim, principalmente.

senti falta de tantas outras fotos.
senti falta do sexo.
senti muita falta do sexo.
da banalidade frívola que tínhamos
com nossos corpos.

ergui as sobrancelhas que coçavam de raiva.
a barba também coçou.
meu corpo precisava de um irônico banho.

bebi o resto da cerveja que esquentava
como meu corpo quando em cólera.
tive vontades carnívoras canibais.
dentes rangeram sob a pele flácida.
rasgões que tinham meu gosto inflamado.

de soslaio vejo minha sombra
que sofre o cárcere marginal no qual
encontro meus antepassados.
as idades que tive
coseram-me em mim,
tal qual menino perdido
em terra nunca dantes avistada.

banho molha nuca.
banho leva raiva.

acordo inquieto dias depois dentro de outro sonho.

Poesia (28.2)

jornada vertical
ou
o primeiro 'basta' 

lanço âncoras a mim.
metafóricas, claro,
já que me rasgaria todo.

tropeçando aprendo a olhar o chão.

a estrada que governa
tem sua bússola
fincada nos meus antebraços.

subjuntivo de mim
rogo frouxo aos traçados,
ancestralizo humanidades,
avisto nortes
e vejo-me sóbrio.

que faça-se luz e calmaria.
ebriedade subjetiva.
que faça-me bem.

água revoltas
chacoalham toda dúvida
outrora certeza.

que baste-me eu.

podo árvores amistosas:
frutos do jardim tão quisto,
frutíferas manifestações do afeto
familiar.
tenras proximidades.

bastam-me eus.

Poesia (28.1)

the thinnest line between self-appreciation and arrogance

ego.