quarta-feira, 24 de maio de 2017

Poesia (25.7)

Respiro

Sempre fui de chamego,
Carinho,
Cafuné,
Coração.
Nada de novo sobre mim.

Apaixonado,
Ia-me embora
Seguindo o circo,
Levantando fogueira
Por onde passasse,
Um pedaço do amor se virava em três tempos
E pipocava como susto atrás de porta
Revelando de mim ao espelho,
Caminhava firme e vendado
Atrás das trocinhas.

Sobre mim não há novidade.

Até tu.
Até tu chegares.
Até tu chegares em mim.
Até tu chegares em minha cama.
Até tu chegares em minha cama e deitar.
Até tu chegares em minha cama e deitar em meu peito.
Até tu.

Não há novidades sobre os fogos
Que eu viria a soltar.
Nem nada inesperado
A não ser meu desespero assustado
Que tenta olhar o mar dos teus cabelos
Pela fechadura dos teus olhos.

É tudo novo na escapada com o circo
Até que finalmente
Desvenda-se a lona.

É tua respiração
Ressoando com minha
Enquanto eu tenho a experiência
Extracorpórea
De nos ver de cima.

Nariz com nariz.

Vejo dois corpos altos,
Narizes que se encostam,
Pernas dobradas que se atravessam,
Braços que se abraçam.
Sinto calor e vontade de tirar fotos
Lá de cima
Para tornar eterno na materialidade
O que não se faz possível ser
No mundo do real.
Imagino futuros envolvidos em paz
E a certeza de que respirar contigo
É sempre mais ar.

Respiro aliviado
Sentindo o meu e o teu ar
Num só.
Respiro.

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