quinta-feira, 18 de maio de 2017

Poesia (25.6)

Intransponível

Que me atravessa
As pernas
Nos filmes.
Os ouvidos
Na noite
No papo cansado
Do dia de trabalho.
O telefone esquenta
O papo que não esfria.


Quero saber do teu dia
Pra me imaginar ali contigo
Tentando deixar a saudade
Em banho-maria, João.

É simples.
É você, eu, minha cama,
Água, ar, frio ali, calor aqui,
Meus pés, teu cabelo;
Travesseiros escritos na noite.
É simples.
É teu nome.

É simples.

Você me atravessa.

Espirra na noite, tosse,
Remexe na cama,
Encontra carinho nos meus braços
Que te cobrem e te sacodem por dentro.

É simples.
É teu carinho no meu peito,
É o encaixe das mãos,
Dos beijos,
Daquele primeiro beijo
Que durou aquela sinfonia inteira
Por não querer desgrudar.
É simples demais
O meu não querer desgrudar.

Se me dizem ao longe que sou barreira
Logo balbucio que não
Que é bobagem
E escrevo na noite o ocorrido contigo:
Cê me saltou pelo meio,
Passou como água que cede pela fluidez
Não pela força,
Amolece os tijolos de mim
Sem contar com o sal das lágrimas.
Pediu licença aos meus orgãos vitais
E atravessou meu peito
Tal qual flecha de cupido errôneo
Que traça linhas Afrodites
De uma beleza selvagem como teus cabelos.

É simples;
Fui atravessado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário