Antropofagias Seculares
Diluíam-se em meio à música
Crianças altas
Segurando garrafas de cerveja
E emitindo sons de seus corpos.
Adultos encurtados
Observavam os andares e passadas;
De uma distância segura
Estimava-se que o mundo não mais girava.
O som se eleva;
Os corpos não param
Mas vão ao chão devagar.
As garrafas de cervejas foram logo,
No sangue estavam
Mas nem por todos os corpos
Circulavam.
As crianças altas existiam;
Não sempre,
Mas naquele momento principalmente,
Elas existiam plenamente
Cobertas de consciência,
Envoltas em cegueiras
E absurdamente
Antropofágicas.
Mordiam umas às outras.
À vista de todos os adultos
As crianças babavam.
Grunhidos se espalhavam à música
E os adultos tinham olhos:
Enxergavam sem auxílio.
As crianças altas
Queriam ser.
Do puro ensinamento
À plenitude do estar.
As crianças altas
Antropofagicamente
Estavam sendo
Umas nas outras.
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