terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Poesia (24.6)

Antropofagias Seculares


Diluíam-se em meio à música
Crianças altas
Segurando garrafas de cerveja
E emitindo sons de seus corpos.

Adultos encurtados
Observavam os andares e passadas;
De uma distância segura
Estimava-se que o mundo não mais girava.

O som se eleva;
Os corpos não param
Mas vão ao chão devagar.
As garrafas de cervejas foram logo,
No sangue estavam
Mas nem por todos os corpos
Circulavam.

As crianças altas existiam;
Não sempre,
Mas naquele momento principalmente,
Elas existiam plenamente
Cobertas de consciência,
Envoltas em cegueiras
E absurdamente
Antropofágicas.

Mordiam umas às outras.

À vista de todos os adultos
As crianças babavam.
Grunhidos se espalhavam à música
E os adultos tinham olhos:
Enxergavam sem auxílio.

As crianças altas
Queriam ser.
Do puro ensinamento
À plenitude do estar.

As crianças altas
Antropofagicamente
Estavam sendo
Umas nas outras.

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