domingo, 22 de novembro de 2015

Poesia (23.5)

As Raízes dos Baobás

O sangue segue no rosto
Já desumanizado,
Sujo de terra desconhecida;
Fluxo perdido,
Vasto e viscoso,
Normatizado,
Gotas enquadradas
Em manchetes.
Sangue esse nosso,
Humano sem questionamento,
Que humaniza alguns
Destrutivos
E esgota música em outros.

Gritos agudos que rasgam o céu
Único.
Pródigos gritos que humanizam dores,
Sem religião ou pátria.
Que cobrem os olhos de cinza
E somem entre as cores da vida.

Meados de dias tranquilos
Esturricam com gritos sangrentos
Que violam olhos e ouvidos.
Provam esses gritos e sangue
A humanidade de outrem,
Destravam paisagens,
Sintomatizam comunidades.
E não,
Não representam a crueldade de todos,
Sangue em nossas mãos,
Nó nas gargantas,
Redenção extraviada,
Sigamos juntos!

Não deixemos os olhos cobertos
De sangue e medo,
Vajamos os lados,
O céu,
Os cachorros mancos,
As vitrines,
As pernas que resistem!
Vejamos o outro,
Como vemos espelhos.

Ouçamos além dos gritos!
As canções de amor,
Os pães,
Os uivos apaixonados pela vida,
Os barulhos dos motores,
As melancólicas badaladas dos sinos,
E a voz do outro,
Como nos ouvimos em preces noturnas.

Ouçamos e vejamos
Que somos vários

E um só.

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