Amordaçado
Minha poesia secara
Minha poesia secara
Assim como
meus olhos;
Que hoje
vermelhos
Só resta
agora
O apodrecimento.
Cansado
Deito atrás
da porta
Ao som da
vitrola
De uma outra
geração
Remoendo dores
Tão novas.
As folhas
caem aos montes
E os frutos
já não doces
Esbugalham-se
no chão duro.
Meu punho
força
A poesia
para fora
Mas meus
dedo já não se movem,
Escrevo com
os dentes trincados
A dor que já
não sei se sinto;
A dor que me
tornei,
A dor pela
qual me apaixonei.