terça-feira, 25 de outubro de 2011

Poesia (8.9)

Névoa

Se você soubesse
O mal que você me faz
Quando não me responde rápido,
Quando não me trata com carinho,
Quando finge que tá tudo bem.

Quantas vezes eu já não chorei sem querer,
Perdi o apetite,
Noites sem dormir.
Quando eu penso que estou feliz
E que as coisas não poderiam estar melhores
Um simples olhar seu
Ou um silêncio
Me quebra
E me vira em lágrimas.

Me odeio por amar você.
Odeio o besta que eu sou
Perto de você.
Cada pedaço de amor
Parece não valer de nada.

Uma montanha russa inerte
Que não para de fazer o mesmo movimento
Sempre e sempre.

Desejo enfiar minhas garras cegas
No meu peito demente
E arrancar;
Dilacerar
Todo o amor que sinto,
Todo o amor que não minto,
E poder ser leve
E poder ser névoa de novo...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poesia (8.8)

Fúria

A cólera sobe meu corpo
Como uma serpente
Dentro das minha veias.
Um ódio maciço
Chegando aos meus olhos.

Desprezo, é tudo que me fazes sentir
Vendo teu sorriso mole
De álcool e luxúria.
De traições aos sentimentos
Que um dia jurastes sentir por mim.
Sentimentos que hoje foram expurgados do meu coração
Como veneno que me corroía.

Fico verde
De ódio,
Verde como meus olhos,
De ódio.
Verde que um dia fora dito o mais belo.
Hoje só passa de mais um.

Não faria tudo de novo
E me enojo ao lembrar
Que entreguei tanto de mim
E me fiz contente com o pouco
Ou mesmo as sobras de ti.

Ainda bem que aquele “pra sempre”
Acabou.

Poesia (8.7)

Debruçado

Deitado de bruços
No chão frio
Do banheiro sujo
Com a cabeça na mão
E o coração apertado.
Terminando de escrever em sangue
Minha última carta.
Enquanto minhas mãos
Ainda suportam os requerimentos
Da mente
Que as obriga
A passar para o papel úmido
Minha dor tangível.

Não sei quanto tempo ainda me resta.
Também não sei se ainda me resta algo.
Creio que eu seja o resto.
E de resto, nada mais provavelmente me resta.

Não posso ser base,
Não tenho tanta força para segurar
Nada acima de mim.
Também não posso ser topo
Não sei ser importante o suficiente
Para estar tão acima.
Então mantenho-me regular
Mediano e extremamente comum.

E com o que ainda me resta de sangue
Tento achar meu lugar nesse mundo
Mas tudo que vejo
É o chão sujo
Desse banheiro frio.