domingo, 20 de março de 2011

Poesia (5.8)

O Leito da Esperança

Mancando.
Com os pés sangrando.
Apoiado em você.
Que também manca,
Também sangra.
Mesmo sangrando mais que você
Eu sigo.
Eu quero seguir.

O que quebrou lá atrás
Cortou nossos pés.
Dilacerou o que nos sobrara de apoio.
Não mais temos muletas.
Andamos agora apoiados
Um ao outro.
E minhas lágrimas caem aos montes
Tentando lavar o sangue que fora derramado
Por esse logo caminho percorrido.

Meu ombro suporta o teu peso
E o peso que tens em meus ombros
Nunca foi pequeno.
Estamos cansados...
Precisamos de água.
Andamos muito.
Paramos.

E parar talvez tenha sido o pior dos erros.
Foi como ter um pedaço de doce
Tão ínfimo e tão distante
Que nos fez querer mais.
E a dor desse doce foi tão amarga...

E agora estamos aqui
Sangrados e sujos,
Cortados e moídos
Querendo cicatrizar.
E eu tenho aqui no meu peito aberto
O leito da esperança
De que possamos,
De novo, andar.

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