quinta-feira, 26 de maio de 2022

Poesia (31.0)

colchão fortuito 

como posso
sentir saudades
da breve combustão que é
tocar
tão simples
e completamente
a tua pele?

olhar você
e ver teus olhos
marejando cores achocolatadas
doces-doces,
cheias de um carinho ainda
pouco conhecido,
mas intenso na sua complexidade
efêmera.

como posso
sentir vontade
de estar ao teu lado
tão pouco perto e tão tanto longe
que penso em correr até você?

três horas daqui até aí,
três grandes horas daqui até aí,
três agigantadas horas daqui até aí.

olhando pra mim, 
aqui,
você,
seus olhos olhando os meus,
meus olhos olhando os seus olhando me olhando.

“se todo abismo é infinito,
será que a gente vive pra sempre
quando cai?”

como posso eu
tão
tão
tão
logo
amar o fulgás,
incompleto,
invisível,
amor?

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