segunda-feira, 11 de abril de 2022

Poesia (30.7)

diário de bordo – oito de março, 2022 – 5:13h da manhã

é cedo da manhã.
acordei depois de dois pesadelos.
estou tenso.
sinto as dobradiças da minha cabeça
tentando como podem
dar conta de tudo
que a represa do meu peito
precisa dar vazão.

sou água demais.
desde muito novo.
água doce e salgada.
água quente e fria.
água gelo e vapor.
água luiz e diego.

o céu está amanhecendo vermelho.
ele está assim ultimamente.
o jornal explicou o nome do fenômeno.
alguma coisa com alguma coisa
com a época do ano
com alguma coisa do capitalismo.
eu só penso no 'senhor dos anéis',
o elfo diz que tal céu vermelho
foi porque sangue fora derramado
naquela noite.
eu dormi, mas também morri.

a revolta que sinto
ao ter pesadelos
com angústias passadas
é a mesma de quando perco um ônibus;
não dependia tanto de mim assim
mas eu podia ter saído de casa mais cedo, não era?

tem um anel no meu dedo agora.
ele é bonito que só.
ele me acalma de mim,
me amansa de mim,
me ama comigo,
e me deita em sua paz.
eu amo o amor.

nina acordou junto com o céu hoje,
já resolvi burocracias de universidade,
sigo pensando sobre mamãe
e sua viagem rumo ao desconhecido.
minha torcida é apreensiva,
sustento a partida na força do saber
que enquanto há vida,
há vida.

amanhã a essa hora estarei em são paulo.
carregando a mala de mão que não me quebra o coração.
a mala azul de helena
com as roupinhas que usei em fortaleza nesse final de semana de amor intenso.
vou passear comigo,
espero gostar da minha companhia.
é tudo que mais tenho,
mesmo tendo tantos outros amores no mundo.

estou apaixonado,
namorando 777km de chão até o ceará,
e um homem de lá;
que já mora aqui, por aqui.
quem diria.

tropeço na manhã vermelha,
estou pensando em ir caminhar.
já há luz suficiente,
melhor botar uma roupinha de academia,
olhar o mundo lá fora.
ou fazer um café, apenas;
e deitar pro outro lado na cama.

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