quarta-feira, 31 de julho de 2019

Poesia (30.1) ou (25.7.2)

reinvenções do ar

sempre fui de chamego,
carinho,
cafuné,
coração.
nada novo.

apaixonado,
ia-me embora
seguindo o circo,
acendendo fogueira
por onde passasse;
um pedaço do amor pipocava atrás das portas
revelando-me,
caminhava firme e vendado
seguindo as trocinhas.

não há novidade.

até tu.
até tu chegares.
até tu chegares em mim.
até tu chegares em minha cama.
até tu chegares em minha cama e deitar.
até tu chegares em minha cama e deitar em meu peito.

até tu.

os fogos
que eu viria a soltar
não são tão novos assim:
vêm da minha bagagem surrada
mas minha.
nada inesperado,
nem meu medo de olhar nos teus olhos,
nem o frio na barriga
quando tua boca toca a minha.

é tudo novo na escapada com o circo
até que finalmente
desvenda-me a lona.

é tua respiração
ressoando em meu pescoço
enquanto nos vejo de dentro.
nariz com nariz.
vejo corpos altos,
encaixes que se encaixam,
emaranhados de pernas que se atravessam,
braços que abraçam forte.
sinto frio e timidez
daqui de dentro.

e respiro aliviado
sentindo o meu e o teu ar
num só.
reinvento minha respiração
aliviada sim
mas não menos trêmula.

Nenhum comentário:

Postar um comentário