terça-feira, 30 de julho de 2019

Poesia (30.0)


poema cotidiano de amores espontâneos poetizado mas não menos prosaico

vez por outra me aparecem essas surpresas.
um rapaz vestido com uma camisa de super-homem
enquanto eu vestia uma da mulher-maravilha.
seus vinte anos contrastam meus vinte e sete.
sua altura tão próxima a minha
e ainda assim eu na ponta dos pés.
o beijo rápido casual.
o bom beijo inesperado.
daí ele tira a roupa quando eu peço pra ver suas tatuagens,
e como velhos amigos ele está só de cueca
tendo me conhecido há dez minutos.

e os beijos retornam.
a doçura dos beijos.
a vontade dos beijos.
os elogios incessantes vasculham
dos ouvidos aos corações cancerianos.
carinhos.
vibrações corpóreas de prazer.
libido.
sexo número um.
êxtase dele.
sexo número dois,
meu.

impiedosamente me vejo de dentro
sentindo a mais pulsante e genuína vontade
de gritar amor.
casual amor daquele que explode na boca
como quem morde uva,
mesmo não sendo amor ainda,
pois sabendo da responsabilidade que tal amor carrega,
sei também dos laços e nós que envolvem meu presente.

não digo nada à priori.
não revelo muito além do gozo.
mesmo o pouco sangue que sai de mim
não diz tanto do que sinto.
e sinto muitíssimo.
pouco depois os elogios voltam,
incrédulos ainda com redoma de beleza e carinho
dos estranhos tão afins.
ele diz que mal acabou o nosso encontro
e já tem vontade de me ver novamente.
olhem só.
novamente.

as horas vão-se a galope
até que o rapaz segue até a porta
e até a parada de ônibus,
ruma seu destino 
e eu volto pra casa com uma imensa vontade de dançar.
chegando ao apartamento recebo a mensagem:
"esqueci meus óculos".
abro um largo sorriso e fecho a porta.

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