sufocando
saudadezinha infeliz.
roendo as beiradinhas dos pelos do peito,
como tapuru em goiaba,
estragando os pedaços presentes
que vislumbram celebrações em mim.
saudadezinha cruel.
jogando sal nos cortes entre os dedos
com limão e tudo,
fazendo meus dentes rangerem
com o barulho das canções
de mais ninguém;
do ontem.
saudadezinha incabida.
balançando meus cabelos ralos,
querendo despir minhas roupas de baixo
e cobrir-me de lágrimas
ao invés.
saudadezinha mórbida.
prenúncio da perda total,
da ameaça de um outro,
como criança que quer todos os brinquedos
mas não tem como carregá-los.
saudadezinha feia,
transfigurando minhas ideias,
acariciando necessidades
amordaçando as asas da goela.
saudadezinha oca.
transeunte de mim,
completa e largamente
envolta em meu pescoço.
sufocando.
domingo, 26 de novembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
Texto (0.8)
Relegere
É relendo os poemas antigos que
eu paro pra pensar na mutabilidade que vem tomando conta de mim. Também é
nessas releituras que encontro conforto no entendimento de algumas bases e
raízes mais grosseiras que entrelaçam minhas vivências: sólidos momentos de
amor, amizades claras, uma tristezinha inerente ao ser permeia acolá também;
palavras ricas que revelam tanto de mim a mim.
Tantas foram usadas para falar de
primeiros beijos, ou de eufóricos momentos de carinho, também de hiperbólicas
paixões de verão. Faço-me terapêutico nessas leituras. Repenso esses beijos
todos, esses tantos que ainda arranham um pouco minha boca, e vejo que
certamente eu sou um entusiasta do sentir. Experiências tantas que mesmo saindo
no atropelo de sensações tão trêmulas são reveladoras.
Sorrio para partes de versos,
repenso se vale a pena ter me desnudado tanto, fomento a necessidade de ser eu
mesmo, assim como a de ser água. Alguns versos eu queria rasgar também, mas
pensar em extirpar a palavra é pensar em atear fogo a uma fotografia guardada
no fundo do meu guarda-roupa, digo-me logo um deixa ali, é parte de mim, aquele
momento da foto-palavra foi outrora digno de materialização.
Os poemas que me esclarecem as
raízes são de uma importância tremenda: é neles que eu identifico a estrutura
óssea do caminho que sigo, ou do que insisto em seguir. E me faço esse bem, me
escrevo e me leio, sem a necessidade do olhar do outro por enquanto; levo minha
arte como sei que posso: um diário de pessoalidades que compartilho comigo o
tempo inteiro, e que quando lido por mim ou por outros, ainda assim é meu, e
não sei escrever sobre nada além daquilo que me atravessa.
E nesse caminho me descubro um
bocado, dos afetos aos desamores. Das demasiadamente exageradas palavras de
amor ou dor ao mais claro desvendar do cotidiano. E é aí onde me demoro. Onde me encontro. E só sei
me demorar em mim.
Poesia (26.9)
act up
swirling in my head
as the tongues from the deep night
filling me with blurred ideas of
fear
hope
expectation
warmth
kind kindness;
just take my hand.
we are bright
in the complexity of being.
my heart skipped 120 beats.
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