domingo, 10 de outubro de 2010

Poesia (3.6)

Sonho do Beija-Flor


Me balanço deitado a essa rede
Suspensa no ar
Como um beija-flor.
Sob essa luz trêmula, fraca e adocicada
Eu olho de longe a minha vida acontecer.
E permaneço deitado...

Um cheiro mole e amargo sobe à minha vista.
Levanto da rede mais por curiosidade do que por vontade de mudar.
Vejo seis pessoas.
Vejo minha família.
Todos reunidos, vestindo roupas que nunca vi.
Circundam algo.
Não sei o que é.
Ando mais alguns passos.

A rede parece longe
A luz tremula mais e mais
O vento uiva baixinho em meus ouvidos:
“Morrestes...”

Me vejo deitado numa rede suspensa no ar.
Vejo que a luz tremula sem parar e agitada.
Pela última vez, vejo meu rosto e ele não está mais vivo.

E a rede cai
E a luz se acende
E eu acordo por fim...

Um comentário:

  1. Muito boa, gostei =D Continua escrevendo, esse universo mórbido, porém bonito e sutil me agrada.

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