segunda-feira, 21 de junho de 2010

Poesia (2.7)

Matéria...?

Como são as pessoas?
De que elas são feitas?
A biologia me explica?
Não.
A história?
Talvez...
Mas o que faz de você o que você é?
O que torna você alguém diferente de todo mundo?

Sua criação.
Sua criação foi algo só seu.
Não importa com quem você foi criado
Ou no meio de quantos.
O que fez de você o que você é hoje
É só seu.

Mas isso é mutável?
Tem como destruir minhas bases e construir outras.
É difícil.
O que seu criador fez em você
Marcará sua vida sem precedentes:
Um pai agressivo
Uma mãe submissa
Uma irmã mandona
Um irmão mais velho e mandão
Uma avó carinhosa
Uma tia que lhe enchia de mimos.

Talvez o que torne você quem você é
Seja você mesmo.
Mas o homem é um fruto do meio
Também.
E não só disso.
Somos a junção de quedas, tropeços
Amores, frustrações, brincadeiras, fofocas,
Doces, pães, livros, filmes...
O que me faz ser quem eu sou é o que eu vivi.
E eu espero que isso tenha valido a pena
Porque se não, eu não vali a pena.

domingo, 13 de junho de 2010

Poesia (2.6)

Fui Levado

Abaixei minha cabeça
E fui levado.
Levado para longe.
Para onde eu não teria que ser eu.
Onde eu sou obrigado a ser tudo que eu tento não ser.
Um lugar triste, frio, sem amor.
Fui obrigado a chegar até esse lugar
Sem nenhuma reclamação.
Não tinha para onde ir.

E se eu fugir?!
Não adianta.
Eu sempre volto para lá.
Minha cabeça nunca se ergue.
Minha voz nunca se exalta.
Minha vida nunca valeu a pena nesse lugar.

Fui levado de mãos atadas.
Com sal nos olhos
Eu tento não chorar.
Com sal nos olhos
Eu tento ser forte.
Mas não dá.

Fui levado na covardia de uma transa.
E me vejo aqui sem ter para onde ir.
Pois é aqui que eu fui concebido.
E é aqui que eu devo ficar.

Quando abro minha janela, sonho.
Sonho com o mundo lá fora.
Com um mundo de possibilidades.
Mas isso está tão distante...

Fui levado para onde não queria estar.
Estou preso.

Fui levado para casa.

Poesia (2.5)

Ranger de Dentes

E na hora do ranger de dentes
Eu sorrio.
Abro um largo sorriso acalante
Para mostrar que está tudo bem.
Quando nunca está.

Na hora do ranger de dentes
Eu faço uma piada.
E vejo brotarem sorrisos,
Sorrisos que não me fazem sorrir.

E quando eu vejo um ranger de dentes
Eu sorrio mais uma vez.
Pra ver se posso consertar o que eu não quebrei.
Pra ver se posso ajudar o sorriso dos outros nascer.

E quando eu quero ver um ranger de dentes
É fácil.
Apenas expurgo os meus dentes rangidos.
Mas eles não são bem-vindos.

Na hora do ranger de dentes...
Simplesmente sorrio.