terça-feira, 27 de novembro de 2018

Poesia (29.1)

sudades

a pressa não me deixa escrever
saudades.
são sudades o que sinto.
neologismo transtemporal
do que vira os copos
cheio da gente.

sudades de passar a manhã
nos teus braços
e tomar café na cama
e o já delicioso
bastar
por estarmos juntos,
as circunstâncias
far-se-ão
douradas
por estarmos entrelaçados.

Poesia (29.0)

plural meu

chamo de amor
as mãos dadas,
o carinho nessas mãos dadas,
o caminho que percorrem essas mãos.
os fios de energia
no transbordar dessas mãos
ao longo dos corpos.

e, vá lá,
que não seja amor ainda mesmo,
que não seja o convencional,
ou mesmo,
que seja só uma paixonite
no nosso inverno às avessas;
não há encaixotamentos
dicionáricos
para o que sinto,
(pouco houve),
se muito
há estranhamentos que vão de encontro
às convenções.

cada amor é um novo amor.

existe uma singularidade
no que sinto.
dito isto,
sobreponho os achismos todos
e rogo pela compreensão lúcida
de que não há aqui
um texto argumentativo,
apenas um debulhar de feijões
por sobre a página,
de forma que teço o emaranhado
de ideias que tenho
como quem faz no pilão
um café ao amado.