arranha ainda
corte profundo
sem bandagens
caminha pelas minhas costas
das asas ao cangote.
coceira corriqueira,
fagulha sonolenta
na brasa entre os dedos:
amuleto de coco
guardado sobre a terra
cor seco-pólvora.
portas inúmeras,
passos poucos,
arremate que questiona
minha capacidade de seguir.
outro poema dentro do mesmo poema
não há como questionar,
no entanto,
minha pele.
o ponto-e-vírgula
transfigurando-me
debaixo da língua.
vontades e mais vontades
domadas pelo carinho conquistado
frenética e diariamente.
mais um poema desliza açoitando-me.
há expectativas de sim e de não.
quaisquer que venham
são mal-vindas.
então resto-me cá.
uma mão segura o livro
a outra bagunça e arruma minha barba,
olhos transitam e lambem as páginas.
concentro-me noutro mundo.
um último poema espreita à porta.
há terapia aqui.
desejo de mudança.
arranhões mutados
em leveza.
perdi, puxa.
o olhar caminhou
um bocado,
parou onde quer que tenha sido,
e via tudo
menos o ali.
retorno aos pulmões,
apreendo o presente estado.
portas de nada adiantam,
não moro perto.
arranho a terra
em outras direções.
nômade
no mapa inscrito
sob a pele.
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