domingo, 14 de junho de 2015

Poesia (23.0)

Há Mares

Aquietou-se o mar.

Lamentam na vagarosidade
Os sargaços e as conchas.

Sem pegadas na areia
Nem embarcações ancoradas.

Acalmaram-se
As velas,
Os vivos,
Os corações.
A paz não inunda,
Nem amor aqui chove.

O mormaço abraça o molhado
Num uivo
Audível por cantos inóspitos
E por toda a costa
Que carrega o peso
Desse mar na vida.

O último vislumbre que tenho
Na minha irônica memória
É do mar indo em frente,
Seguindo sua maré
Que se recolhe.
Sempre na direção oposta
Aos meus beijos.

Um mar partido
Torna-se terra,
Ou se separa então
Em oceanos
Divididos por regras dos homens
Que não justificam
O prazer de fazer parte
Das mesmas águas.

O mar seca hoje,
Retrai-se,
Molha-se,
Enxuga-se.

Indeciso não sabe
Que seu balanço
É guiado;
E que lua alguma
Sabe sequer
De sua existência.